DESAPARECIDO- O FINAL

Quando Seu José Maria chegou na manhã seguinte junto com Paulo que tinha ido buscá-lo na rodoviária da cidade,encontrou D.Francisca tão tensa que parecia uma estátua sentada no sofá.Ao lado dela D.Filó mal piscava enquanto torcia aos mãos e Aline andava de um lado pra outro da sala de olho nas duas senhoras.Quando todos se acomodaram o detetive deu um longo suspiro e começou:

- Segui uma pista que não deu em nada - disse ele - Aparentemente um senhor com a descrição de Seu Mário,morou por alguns meses em uma pequena cidade ao norte daqui.Perguntei a várias pessoas que moram lá e elas me confirmaram ter visto alguém bastante parecido com o retrato de Seu Mário.Em todo caso,esta pessoa tem o mesmo nome dele,embora não seja impossível que existam duas pessoas com o mesmo nome:Mário Francisco da Silva.Pelo que eu soube, o homem desapareceu da cidade há mais ou menos um mês atrás e não tiveram mais notícias dele.Morava em um quarto do único hotel da cidade e trabalhava como taxista.Não tinha família na cidade e antes de chegar lá ninguém o conhecia.Conversei longamente com o proprietário do hotel,que me disse que o homem não era muito conversador e sempre que trocavam "um dedo de prosa" o assunto era o cotidiano,nunca conversa de ordem pessoal.Já a esposa do proprietário,mais curiosa,chegou a perguntar sôbre a família,ao que ele teria respondido que era só no mundo.Um dia, depois de pagar as despesas do hotel, o que sempre fazia todo começo de mês,desapareceu de lá sem deixar vestígios.Andei procurando para onde ele teria ido e nada.Mas quero continuar procurando,não desisto fácil.

Todos pareciam desanimados mas também não queriam desistir.Duas horas depois Seu José Maria retornava a sua busca,fazendo planos enquanto o ônibus rodava o caminho de volta.Aline tivera uma idéia enquanto o detetive falava.E se Seu Mário estivesse desmemoriado?Sim,isso explicaria o fato dele dizer que não tinha família e de não voltar pra casa.Paulo concordou plenamente com ela,mas as duas senhoras, agora mais calmas porque antes só pensavam que o pior teria acontecido,nada disseram.Ao fim de algum tempo,Dona Francisca finalmente falou:

-Tenho certeza que este homem é o Mário.Eu sinto que é! - e desatou a chorar.

Dona Filó se juntou a velha amiga e as duas ficaram no sofá consolando uma a outra.Aline se apressou em fazer um chá pra elas enquanto Paulo olhava a parede fixamente,o pensamento longe dali.Na noite deste mesmo dia,Aline e Paulo começaram a namorar.Ele encurralou Aline na cozinha e lhe roubou um beijo que a deixou sem fôlego.Aline sentiu a velha alegria de volta,os olhos brilhavam.Com certeza o namoro com Paulo foi uma das melhores coisas que tinham acontecido ultimamente.O desaparecimento de Seu Mário fizera os dois ficarem muito próximos e com a convivência veio o entendimento.Ela não pôde deixar de notar como Paulo e Raul eram diferentes.Raul era sofisticado,muito educado e atencioso.Paulo era meio caipira,impulsivo e inquieto.Dona Filó com toda sua experiência de vida disse pra ela:

-A gente não pode explicar porque gosta de uma pessoa Aline.Amor não rima com razão.A gente simplesmente gosta e pronto!

Dona Francisca pelo jeito incentivara o namoro pois exibia um sorriso de orelha a orelha.E os dois depois do jantar,saíram pra dar um passeio no jardim perfumado olhando a lua que boiava esplêndida no céu.

FIM

Ane
Enviado por Ane em 16/05/2007
Reeditado em 26/05/2007
Código do texto: T489571