Tempestade e faces

Estava perdida, uma tempestade repentina chegava, precisava de um lugar para se abrigar. Não havia residências, somente armazéns com portas imensas e fechadas. Avistou uma casa velha, bateu, ninguém respondeu. Estava trancada, porém na janela aberta a cortina bailava num balanço assustador. Mesmo com receio decidiu adentrar para se proteger. Entrou. Um breu, nenhum ruído a não ser seus passos encharcados, todavia sentiu olhares e faces seguindo-a e ,como ela, pareciam temerosos e reticentes. Uma luz muito fraca na parte superior do espaço, talvez a imagem de um santo que nada iluminava, era apenas um ponto na escuridão. Assustada, encarnou a coragem, tateando aproximou-se daquilo que parecia um interruptor, sempre com a sensação de ser observada. Estavam cada vez mais perto , hesitou por vezes, mas sem desistir e num sobressalto acendeu a luz. Estremeceu, olhos arregalados e sorrisos brotaram. Estava cercada de espelhos por todos os lados.