Lascívia

Quando acordei ela ainda jazia - lasciva como sempre - sobre os lençóis emaranhados. Sentei-me ao seu lado e parei por um instante tentando lembrar como viemos parar em casa - eu e ela. Balbuciou algo, “o quê?” eu disse, e “fica à vontade, vou precisar sair agora, fica dormindo o quanto quiser”, “tá bom” ela disse com um sorriso bonitinho nos lábios. Mas eu não fui, permaneci pacificamente esperando, como uma tímida voyer.

Ela se pôs novamente a dormir compondo um quadro surreal entre as cobertas, travesseiro e o vestido abandonado ao lado da cama. Era linda vestida com a meia calça preta que quase deixava à mostra a minúscula calcinha vermelha. Ela linda mesmo quando de seu nariz escorria a branca corisa farta da cocaína ruim da noite passada. Era linda e dormia sem culpa, e sorria às vezes, sem que eu a tivesse possuído.

Deixei-a só com sua lascívia, quando voltei encontrei a cama arrumada e o seu cheiro em todos os cantos do quarto, encontrei a ausência de alguém que talvez nem soubesse que se ausentava.

luana vignon
Enviado por luana vignon em 30/09/2005
Código do texto: T55253