André
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na foto abaixo era o André que estava na minha barriga

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Engravidei do André no mês de Abril de 1. 973 no outono, ele nasceu no dia 29 de Novembro do mesmo ano na Primavera, portanto com 7 meses de gestação.
Desde o começo da gravidez que eu me sentia mal. O enjoo, mal estar, passava quase que a manhã toda com um peso no estomago, parecia que eu tinha engolido uma bola, mas eu quase nem comia por causa do enjoo.
            Passados 4 meses de gestação, aí eu fiquei boa de tudo o que vinha sentindo.
Morávamos em são Paulo no Bairro do Parque Edú Chaves,
Onde cresci, estudei, casei e tive 4 dos meus filhos.
De repente o meu esposo quis ir morar em Alagoas de onde ele era natural.. Eu não queria morar lá de jeito nenhum, mas depois de tanta discussão, tanto choro, eu tive que ceder
Saímos de São Paulo no mês de Setembro eu estava com 5 meses de gestação. Deixamos para trás meus pais e irmãos e alguns irmãos dele e amigos. Vendemos nossa casa e, fomos embora. Eu chorei sem parar um segundo desde São Paulo até o Rio de Janeiro mais ou menos 4 horas de viajem. Só parei porque já estava adormecendo meus lábios e eu estava começando a soluçar e fiquei com medo que afetasse o bebê.
Ao chegarmos á Maceió, fomos morar no Bairro do Farol. A casa era boa, mas eu comecei a enjoar, a sentir cheiro ruim onde estava tudo limpo.
Logo que cheguei lá comecei a fazer o pré natal no Hospital Santa Lucia.
O medico me pediu os exames de praxe, (sangue e urina).  
Passado mais ou menos um mês que estávamos morando em Maceió, numa segunda feira, a minha concunhada Mazé chegou na minha casa logo cedo e veio contando uma historia. Ela disse que no domingo a noite havia aparecido um sinal no Céu e se eu não tinha visto? Eu disse que nem tinha ouvido falar nisso, pois mal chegamos a Alagoas e o meu esposo viajou com o irmão dele o para comprar mel lá pras bandas de Caruarú - Pe.
Como eu estava só com meus 4 filhos e uma moça que tínhamos contratado pra me ajudar, (Til)  então, por não estar bem, fui deitar cedo e com as portas fechadas nem sabia o que se passava lá fora.
Então a Mazé disse que no noticiário tinham anunciado que na terça feira as 19 horas ia aparecer novamente o sinal no Céu.
Eu não via a hora de chegar a terça feira a noite.
Na hora aprazada para a aparição do sinal. eu estava encostada no muro, na frente da casa, conversando com a vizinha, quando foi de repente começou uma ventania e olhamos para cima e vimos uma bola da cor de âmbar (alaranjado) que vinha caindo do Céu. Mesmo estando esperando ver o sinal, eu me assustei e o bebê nessa hora ficou duro na minha barriga. A bola chegou até mais ou menos as alturas das nuvens e depois se recolheu deixando um clarão azul esverdeado que faiscava. Era lindo e tenebroso ao mesmo tempo. Senti um medo, um pavor, como se o mundo fosse acabar naquela hora.
O bebê ficou duro na minha barriga e só foi se mexer no outro dia pela manhã. Fiz massagem com óleo de cozinha morno, orei a Deus e quando foi de manhã senti o bebê estremecer no meu ventre.
Passado mais um mês, comecei a sentir as contrações. Era dia 29 de Novembro de 1973. Quando eu senti que as contrações estavam cada vez mais fortes, aí meu esposo me levou ao hospital.
Ao invés dele me levar para o hospital onde eu estava fazendo pré natal que era o Hospital Santa Lucia, ele me levou para o hospital Santa Monica.
Infelizmente esse hospital era um carniceiro, e o que fizeram comigo foi demais.
Dei entrada no hospital mais ou menos as 22,30, não sei ao certo. O meu esposo ficou esperando no saguão do Hospital.
Quando foi mais ou menos as 23,25 h, fui levada a sala de parto e logo em seguida o André nasceu, as 23,30 hrs.
O bebê nasceu vivo e chorando, mas eu só vi dele do joelho pra baixo que foi quando o medico o pegou e levantou pelos pés e disse: “É Homem”.
Daí a pouco a assistente do medico passou por mim com o bebê embrulhado num pano de brim azul marinho e eu querendo ver o rostinho dele mas estava todo coberto e dele eu só vi as canelas e os pés novamente. Ela saiu rápido da sala de parto levando meu filho e o medico ficou cuidando de mim, pois estava sangrando muito e ele logo aplicou uma injeção contra hemorragia.
Quando o medico estava quase acabando de me atender, a enfermeira veio até a porta e disse assim para o medico: O bebê de Dulcinea não está chorando mais. O Medico disse: estou terminando aqui e já vou vê-lo.
Ao terminar o medico saiu quase correndo e decerto foi ver o bebê e eu logo fui levada a enfermaria. Quando foi de madrugada veio uma enfermeira com a minha papeleta e chegou bem perto de mim e começou a me fazer perguntas. Eu calculo que era mais ou menos 4 horas da madrugada, e eu ainda não tinha dormido. Naquela madrugada o anjo da morte estava rondando aquele hospital, pois foram tantos abortos, e crianças natimortas.
Se eu não tinha conciliado o sono até a hora que recebi a noticia da morte do meu bebê, depois da noticia foi que não dormi mesmo.
A noite após o bebê nascer, meu esposo que estava esperando na portaria do hospital foi notificado de que o bebê nascera, era homem e estava tudo bem. Então ele foi pra casa dormir, pois já era mais ou menos uma hora da madrugada.
Pela manhã ele havia telefonado ao hospital para saber do bebê e de mim, mas a atendente disse: Por favor, venha aqui que precisamos falar com o senhor.
Ao chegar lá deram a noticia da morte do bebê então ele pediu para ver o bebê e que eles dessem os papeis para que ele fosse cuidar do enterro.
Aí a moça disse que o bebê já tinha sido enterrado. Aí ele falou assim, vocês não podiam fazer isso, pois ainda nem vi o bebê. Eles então disseram que eu tinha dado ordem para enterra-lo. Era mentira, eu só sabia que o bebê havia morrido, mas eu pensava assim: meu marido vai  enterra-lo e depois ele me fala com quem se parecia o bebê..
Mas foi assim como estou descrevendo acima que aconteceu.
Chorei muito pela perda do meu filho, chorava as escondidas porque o meu esposo não queria que eu chorasse. Hoje eu entendo que ele estava certo. Deus foi servido em leva-lo para si antes que ele visse a luz do dia.
Deus é sábio e tudo está sob seu controle. Glorias a ele.
Meus olhos não puderam contemplar o rostinho dele, meus seios não o amamentaram, tive que deitar o leite fora, ele não teve um enterro decente, foi enterrado como indigente por causa da discriminação, pobre no Nordeste é indigente, lá ou você é rico, ou não é NADA. Meu filho não recebeu um nome, mas eu o chamo de ANDRÉ,
 
André: Significa “másculo”, “viril”, “masculino, homem”.
 
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Ahavah
Enviado por Ahavah em 25/05/2017
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