O Aviãozinho De Papel

Eric do Vale

Para Lívio de Carvalho Coelho Chagas

No primeiro ano, do Ensino Médio, tínhamos um professor de física cujas aulas dele eram inesquecíveis Não que ele fosse o as dessa matéria, nada disso; o que tinha de bom na física, era uma negação na língua portuguesa:

-Vou dar um ixemplo pra vocês. _ Dizia ele.

A priori, pensava que essas gafes que ele cometia na língua portuguesa não passava de um chiste dele, mas não era.

Certa vez, ele falou:

-Quando o movimento é pusitivo, ele sobe. Do contrário, ele desce para baixo.

Um dia, esse professor escreveu a palavra trem, no quadro, corretamente e alguém falou:

-Professor, trem termina com N.

Ele, então, apagou a letra M e acrescentou o N.

Quando ele se invocava... Na hora de excluir um aluno de sala:

-Pa fora! Eu avisei, eu avisei, eu avisei!

Esse professor cismou com um colega nosso e com toda razão: além de repetente, ele fazia mil e uma artimanhas na aula dele. Se já era engraçado vê-lo colocando um aluno para fora de sala, tornava-se mais cômico quando era esse nosso colega:

-Oh, tu! Pa fora!

-Não, por favor! Por favor!

-Eu avisei, eu avisei, eu avisei!

-Por favor!

Um dia, esse professor estava corrigindo as nossas provas e passou um exercício para resolvermos. Além de não termos feito coisa nenhuma, fizemos uma guerra com as bolinhas de papel.

Eu fiz um aviãozinho de papel e inventei de jogá-lo em um colega meu. Contudo, a porcaria do avião mudou a trajetória e pegou justamente no rosto do professor. Pensei: “Danou-se!”.

O professor levantou-se e falou:

-Eu vi, foi tu! _ Apontando o dedo. Para mim. - Pa fora!

Eu já ia fazendo isso, quando escutei aquela gritaria:

-Não fui eu! Não fui eu! Eu juro!

Era aquele cara que o professor tinha marcação.

-Eu avisei, eu avisei, eu avisei! _ Falou o professor.

-Mas, não fui eu! _ Gritou ele.

-Foi sim.

-Não fui eu nada!

-Foi você, sim. Eu vi.

No mesmo instante em que joguei o avião, ele tinha atirado uma bolinha de papel em não sei quem Logo, o professor pensou que tivesse sido ele.

-Professor, fui eu_ Falei.

-Nada disso, foi ele.

Restou-me, então, ir até a coordenação, confessar tudo e livrar a cara desse meu colega.

-Ele não jogou o avião no professor, fui eu. Mas, uma coisa posso garantir: foi sem querer. _ Eu disse.

-Você? _Indagou o coordenador. – Meu camarada, como é que você faz uma coisa dessa? Justo você! Mesmo assim, terei que punir o seu colega, em virtude do histórico dele.