O pescador e a boia!

Era noite.

A lua despontava irradiante aos primeiros sinais do crepúsculo. Seus raios começavam a cintilar nas águas do caudaloso rio do Sonhos.

Na majestosa desenvoltura o barco do futuro dava início ao funcionamento de seus silenciosos motores através da ação do velho marinheiro.

Pouco a pouco aquela embarcação, pequena no tamanho, mas grande em seus aparatos estava iniciando mais uma de suas viagens noturnas.

Motores ligados, coletes em uso. Tudo estava pronto!

Deslizando sobre as águas em plena tranquilidade os primeiros metros avançados davam o sentido de uma viagem sem nenhum problema.

O rio dos Sonhos dava aos seus marinheiros a certeza de bonança, de fatura, de segurança em suas caudalosas águas.

Pescar era um ato diário. Era uma ação dos velhos pescadores que buscavam o sustento de suas famílias daquelas águas: pescavam!

Viagem calma, águas silenciosas!

De repente um grito de socorro quebrava a tranquilidade das águas, da embarcação e da lua.

O pedido de socorro mostrava-se cada vez mais intenso. Era uma voz rouca, cansada. A voz de um homem dizendo que estava quase afundado.

Com a serenidade de sempre, o velho marinheiro ergueu os olhos, direcionou os ouvidos, ao brilho da lua enxergou um movimento nas águas.

Lá estava alguém em pedido de socorro!

Retornando a embarcação o velho marinheiro deu ordem ao ajudante para que jogasse a boia. Uma corda de uns cinquenta metros a mantinha presa ao barco para que pudesse socorrer o homem em pedido de socorro.

Boia lançada. A expectativa era grande. Logo o homem segurou a boia por entre os braços. Cansado, mantinha-se em tranquilidade para recuperar suas forças.

Com força e destreza, o velho marinheiro e seu ajudante puxavam a boia, a qual trazia consigo o homem quase exausto.

Baixaram a escada de acesso ao barco do futuro. Seguraram as mãos do homem aflito. Sentaram-no numa poltrona do lado direito e o aqueceram com alguns lençóis.

Era um dos pescadores que habitavam na pacata cidade às margens do rio dos Sonhos.

Ainda cansado, o velho pescador dissera aos tripulantes da embarcação que sua canoa havia naufragado por volta das 16h quando os ventos do norte mantinham as águas agitadas. Naquele instante as ondas estavam muito altas para a sua canoa carregada de redes e peixes. Todos os aqueles peixes seriam vendidos para dar sustento aos seus familiares.

Agora em lugar seguro, sem risco de naufragar tal qual sua canoa, o velho pescador dissera ao marinheiro e seu ajudante que aquela boia salvara sua vida.

Agora ele estava salvo! Nascera novamente!

Em promessa aos tripulantes dissera que utilizaria em sua futura canoa uma boia. Certamente ela seria usada para salvar a si e a outros colegas pescadores ou aventureiros das águas.

Novamente em percurso inicial, a embarcação seguia o destino futuro. O velho marinheiro conduzia-a com a mesma tranquilidade.

A boia continuava lá no canto de emergência. Quem sabe ela seria usada para salvar um outro pescador!

O velho pescador, satisfeito e salvo, imaginava dar início à construção de uma nova canoa.

O rio dos Sonhos mantinha-se majestoso com suas águas iluminadas pelos raios da lua que logo se descansaria para sua nova iluminação na noite seguinte.

Se não houvesse a boia, talvez o velho pescador tivesse naufragado ao lugar de sua canoa.

Rubens Martins
Enviado por Rubens Martins em 27/07/2017
Reeditado em 27/07/2017
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