Leitor, autor e editor

Como é bom alguém se manifestar sobre algo que a gente faz tirando palavras do fundo da alma, sorrindo com o útero em se tratando de mulher e com as orelhas em se tratando de homem, marejando lagrima no olhar. A essa altura o autor já não importa se a manifestação é elogiosa, o importante é a emoção arrancada do coração do leitor no ápice da receptividade.
O autor prefere sempre a critica que enriquece seu ânimo. Neste caso sua aspiração se eleva e ele quer construir mais e mais com qualidade excepcional para que na próxima vez consiga agradar ainda mais e, além disso, fazer do leitor um cativo amante da literatura em si.
Talvez o autor não goste de elogio porque elogio dá ideia de que a história tá pronta e acabada, o autor como artista está incontestavelmente completo. É ai que mora o perigo, porque o autor sentindo-se o tal talvez até pare de trabalhar. Ai não tem jeito, é prejuízo na certa para nação inteira.
Já a critica profissional é bem diferente, isto porque ela visa apenas chamar atenção para situações que o autor deixou passar, dar um puxão de orelha e ele não deve ignorar tal advertência sob pena de ser preterido no que se pretende.
Nenhum autor deve buscar satisfação pessoal, uma vez que seu trabalho é coletivo e visa especificamente uma ou mais comunidades, ou a totalidade da nação.
O Brasil tem um problema sério a ser resolvido que é a questão da edição, publicação e distribuição de obras literárias: só para refrescar a memória Carlos Drummond de Andrade teve que bancar sua primeira obra, salvo engano. O que se conclui que o mercado editorial é movido pelo comércio, onde a obra só é boa se houver previsão venda para recuperar investimento e se ganhar algo para sobrevivência.
Nossa grande esperança deve começar depois que o país for realmente passado a limpo, ai o estado vai poder cuidar melhor da cultura de modo geral e as editoras valorizar não somente o lado comercial das obras literárias e sim todos os seus aspectos. Porque é desejo de todos nós escritores tirar nossos livros da gaveta e os entregar ao leitor como de direito.