Perturbação

O chiado do rádio ao fundo, zumbidos, ruídos que ecoam na minha mente, interferência, não sintonizo no que eu pretendo estar, confuso a ponto de tropeçar em minha própria sombra, me enlaço em espinheiros com rosas murchas, estagnado, em meu quarto, estou amedrontado, imiscível a paz, acabo ficando em um cárcere de mim mesmo, lá eu apodreço junto com os ratos e sumo toda noite para um lugar quente e esfumaçado.

A cada manhã, com meu corpo totalmente dormente, minha palidez revela, a doença vem me contagiando, estou alastrado de mazelas, não são físicas, eu sinto que não.

Ando por trilhos de lugares de cargas intensas, lá a morte é freguês, vejo almas em uma tênue, deambulam por corpos vomitados por abutres, a escória se achega, mais uma ida sem saber se volto, o pensamento vem sendo ceifado, passaram a comandar os meus atos, estou fraco, dolorido, as cicatrizes criam raízes, saem negrumes fétidos de dentro, dói, dói muito, meu choro seco cai em um túmulo que jaz o meu nome, empalamado e de boca roxa, eu me vejo...

Mais um dia destruído, ondas incessantes de irrealidade, sei que não quero, mas eu vou atrás...

Entro no trem e sigo viagem para o sepulcro...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 15/12/2017
Reeditado em 15/12/2017
Código do texto: T6199761
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