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Among the flowers and thorns
(Entre as flores e espinhos)

Era uma vez at the Windsor Castle (no Castelo de Windsor), em pleno mês de maio, de uma primavera europeia, quando, diante do mundo, o príncipe Harry e a atriz Meghan Markle, sob a quebra de protocolos, diziam sim, um para o outro, na Capela de São Jorge. Ela, divorciada, afro-americana e com mais idade que o noivo, parecia que chegava, chegando...

Meghan entrou sozinha. Dentro de si era tanta fortaleza que parecia estremecer as paredes daquele castelo. Naquele momento, os olhos do mundo cresceram, não somente para ver os detalhes do seu vestido branco e clean, mas, sobretudo, para testemunhar a sua coragem diante da imbatível família real britânica.

E enquanto a sua mãe Doria não conseguia segurar um choro enigmático – talvez um misto de alegria e medo –, a Meghan era um poço de firmeza. Tudo levava a crer que naquele buquê, onde constava uma das flores prediletas da princesa Diana, mãe de Harry, existia uma carga energética capaz de frear qualquer e toda intempérie.
Foi um casamento marcado por ausências: o pai da noiva, Mr. Markle, não estava ali para segurá-la pela mão; a mãe do noivo, a princesa Diana, não estava ali, definitivamente,  para acarinhar o seu príncipe mais novo que, disfarçadamente, interrompia a queda de lágrimas que teimavam em descer. E foi assim que Harry encantou o mundo. Primeiro, ao dar prioridade para afrodescendentes: do reverendo Michael Curry – com o sermão do amor – ao coral The Kingdom Choir, cantando Stand by me. Segundo, encantou mais as mulheres, por ter, ele próprio, colhido as flores myosotis, vulgo: forget-me-not (não-me-esqueças) que simbolizam caridade, fraternidade e  amor eterno.

Se ao segurar cada lágrima, o príncipe Harry parecia mostrar fraqueza para o mundo masculino, para o mundo feminino era diferente: ele dava uma real demonstração de sensibilidade, empatia e amor. Mesmo porque, naquele evento ímpar, entre as flores forget-me-not (não-me-esqueças), daquele belíssimo buquê escolhido por ele para oferecer a sua amada, havia por trás uma história carregada de flores e espinhos. Além disso, ambos sabiam que, a partir daquele momento, flores e espinhos fariam parte das suas trajetórias. E assim disse uma voz que vinha de longe: “Essas histórias costumam rondar os castelos desde que o mundo é mundo”.

Em seguida, a autora desse conto saiu de cena. Ninguém sabe se lhe faltara tinta na sua caneta ou se ela deixara cair lágrimas sobre o seu manuscrito, apagando o capítulo final.
 



Imagem: Internet.