A velha infancia

Andando pelas antigas ruas de minha infância, a cado passo deixo para trás uma recordação, de uma vida mais inocente. Aqueles ipês coloridos que marcavam a chegada de uma estação, suas flores nos faziam escorregar enquanto corríamos uns atras dos outros. E aquela pequena casa amarela, que era habitada por um senhor muito ranzinza, suas veias saltavam de seu pescoço quando via que estávamos ao pé de seu portão para roubar lhe as uvas de sua parreira de ouro.E as campainhas que tocávamos para pedir doces, em qualquer data, mesmo não sendo o dia das bruxas.

Quando nos escondíamos na biblioteca para ler todos os livros que nos proibiam de ler, enquanto todos assistiam a aula de algebra do Sr. Duarte, que já havia desistido de todo seu potencial como professor e gostava de nos fazer sofrer com seus intermináveis exercícios de castigo.

Ganhávamos sempre uma fatia de bolo de chocolate daquela pequena e gentil senhora, aquela da qual nunca perguntamos seu nome e esta nunca fez questão de nos dizer, contávamos algumas de nossas traquinagens e como em retribuição por tirar lhe punhados de gargalhadas, dava-nos seu melhor doce.

Tardes de inverno, com aquele sol gostoso que tornava-se escaldante de tanto que suávamos enquanto brincávamos de esconde-esconde entrando noite adentro, com nossas mães gritando para que entrássemos e nós implorávamos para ficar mais cinco minutos, que poderiam ser decisivos para o vencedor da brincadeira.

Aqueles intermináveis "projetos" com toda a sucata que poderíamos juntar de nossas casas e utensílios, que mais tarde nossas mães descobriam que haviam sumido.

Agradeço a nossa velha infância, com muita energia, amigos e memórias.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 27/05/2018
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