Escrever

As batidas do coração seguiam o mesmo som das teclas da velha máquina de escrever. Às vezes muito rápido, formando sentenças inteiras sem pausa alguma, ou bem devagar, semelhante ao tic-tac do relógio, quase parando, entre um pensamento e outro. De qualquer maneira, escrever era o que deixava aquele sujeito feliz. Ultimamente seus textos deveriam seguir métrica, ritmo, tom, ordem, direção, normas. A suavidade dos textos de criança, das cartas apaixonadas na adolescência para amores platônicos que jamais a leram, sumiu. Isso não o deixa triste, apenas pensativo se tal inspiração diminuiu com as vicissitudes do destino, da tal vida adulta. Vez por outra ele ainda se permite um verso, uma rima, afinal, escrever deve ser como andar de bicicleta, também acelera o coração.