Yolanda

- Yolanda, acho que te amo.

- U-hum…

- Não acredita?

- Não.

- Por quê?

- Você me deu um tapa…

- Ora, mas aquilo foi tesão.

Se despediu e saiu. Chegou em casa. Silêncio. A mulher ainda mantinha-se muda. Foi ao quarto, tirou a roupa e tomou uma ducha. Na sala, a mulher com olhar distante não via a novela que passava na tevê. Foi à cozinha, mexeu nas panelas, serviu e esquentou no micro-ondas. Era irritante o silêncio. Ouvia com agonia o garfo bater no fundo do prato, a comida sendo mastigada e engolida, o som de dente roendo unha. Resolveu manter o jogo do silêncio. Foi ao quarto, pegou o notebook, leu as notícias. Pegou o celular, duas mensagens de Yolanda. Pensou em acessá-las, desistiu. Foi ao banheiro, escovou os dentes, voltou para a cama, pegou o celular e leu as mensagens de Yolanda: “Desculpe...” e “Se puder, vem me ver...” Voltou para a sala e a mulher chorava um choro de gente distante. Sentou-se ao seu lado, tocou-lhe sua mão, ela a recolheu. A mulher desligou a tevê com o controle remoto, levantou-se, foi à cozinha, bebeu água e foi para a cama. Ele a seguiu com os olhos e depois a seguiu até a cama. Ela ainda chorava e ele se despia. Ela se virou, ele deitou e a abraçou. Estava fria e gelada. Estava distante. Não havia tesão. Ela dormiu. Ele se levantou, se vestiu e saiu.

- Você veio…?

- Sim, Yolanda, eu acho que te amo.

- Entra.

Ele entrou.

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 13/11/2018
Código do texto: T6501993
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