O coiso

Tirano teve vários filhos coloridos que tiveram vários outros. Sua extrema crueldade, permitiu-lhe viver mais do que devia. Realmente vaso ruim não quebra! Resmungava os filhos diante da teimosia do pai em manter-se vivo.

No entanto, ele não ficaria para semente. Sua morte, contudo, deu-se de maneira lenta, gradual e controlada, de tal sorte que obrigou a todos aceitarem os horrores cometidos enquanto vivera. Quanto finalmente o velho partiu, certamente com passagem direta para o inferno, travou-se uma infinita batalha entre seus filhos pela sua sucessão.

O primeiro a assumir os negócios da família foi o filho azul. Período em que ficou marcado por uma intensa e profunda miséria, embora suas empresas produzissem extraordinários lucros, os mesmos, porém, não eram revertidos para os membros da família.

Com isso acedeu ao comando o filho vermelho cuja tarefa era fazer com que os lucros das empresas da família fossem compartilhados com todos, e assim o fez.

Ocorre que os diretores das empresas não ficaram felizes com tal posicionamento. Então começaram a exigir vantagens e privilégios para que parte dos lucros fossem compartilhados. O filho vermelho, que foi desbotando sua cor ao longo dos treze anos que ficou no comando, desprovido de criatividade e portador de uma profunda covardia e comodismo, aceitou determinadas condições.

Foi aí que emergiu o coiso que era o filho que não tinha cor, coloria-se ao sabor das circunstâncias à exceção do vermelho e preto, cores que que ele nutria demasiado pavor. Nesta ocasião coloriu-se de verde e amarelo. Sua ascensão derivou-se de uma aliança entre ele, o filho azul e os diretores da empresa.

A tática utilizada foi expor a omissão do filho vermelho quanto aos privilégios ilícitos dos diretores, estes, no entanto, foram isentados de culpa, pois fora esse o acordo para expor a omissão do filho vermelho sobre seus próprios privilégios. Diante disso, a família toda voltou-se contra o filho vermelho e colocou o coiso em seu lugar.

A primeira medida do coiso, que alimentava uma forte admiração sobre os feitos do pai, foi acabar com a redistribuição dos lucros das empresas, sob a desculpa que teriam que tomar medidas extremas em razão dos desmantelos do filho vermelho. A família que era toda colorida foi obrigada a ser somente azul e rosa.

Depois o coiso matou o filho vermelho. Também matou o filho azul na hipótese de que pudesse dar-lhe um golpe à exemplo do que dera no filho vermelho.

Os diretores continuaram com seu privilégios. Os lucros jamais voltaram a serem compartilhados.

Quando, tardiamente, a família ensaiou uma reação o coiso usou os mesmos artifícios do pai para conte-los. Assim, iniciou-se uma incerta batalha cujo resultado só o tempo diria àqueles que sobreviveram.

bily anov
Enviado por bily anov em 18/01/2019
Reeditado em 23/01/2019
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