Alfredo e Daniela tinham 12 anos de casados. Não tiveram filhos por causa da endometriose da mulher. De uns tempos pra cá, começaram as crises conjugais. Qualquer defeito “despercebido” no início do relacionamento era gritado no carro de mensagens. Vizinhos que o digam!  - Você é um porco, deixou a tampa do vaso molhada! - Você é igual a sua mãe, empilha tudo no escorredor de pratos, como se fosse uma apresentação de malabarismo, sem noção. A intimidade também não ia bem. Eles tinham um casal de vizinhos, nunca visto por ela, mas todas as noites, antes das 10, era possível ouvir pela janela aberta (o quarto do casal era embaixo), os susurros e as vozes ofegantes. Daniela fez daquilo sua novela. Todos os dias ficava à janela, ouvindo o desfecho. E sempre cobrando do marido:  -Era assim que devia ser. O marido apressado e impaciente nunca lhe deu ouvidos, ignorava-a sem esforço. Certa noite, o marido iria para uma palestra e ela se aproveitou dos seus desejos inconscientes. Viu-se despida, numa troca fervorosa de carícias, que lhe tiravam o fôlego, como nunca havia experimentado. Livre e solta, sem nenhum pudor, promovia dezenas de acrobacias lembrando o kama sutra até que o marido abre a porta e: - Você está louca Daniela, que pouca vergonha é essa? Você uivando feito loba! Disse rindo. E acrescentou: -Estava sonhando com o que? Acorda, doida! A mulher assustada, responde como quem provoca: - Eetava num sonho erótico com o vizinho, lembra? O marido não se aguentando de rir disse: - O vizinho de 80 anos, viciado em filmes pornô, assistindo-os toda noite, antes de dormir? Quente? Só se for debaixo do cobertor. E jogou para ela um peludo e pesado com o qual se cobriu, virando de costas e indo dormir. O marido constatou: -Assombação sabe pra quem aparece!
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 21/05/2019
Reeditado em 21/05/2019
Código do texto: T6652772
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