Cantiga de Ninar Gente grande/ Conselho de mãe

Dona Maria, ao pé da janela, em sua mesa, na cozinha. Ansiosa esperava o filho passar para trabalhar. Pois em seu pensamento, com seu pranto suave, enquanto ele tomava-lhe a bênção, chorando calada o abençoava e para si dizia:

- É verdade!... Meu filho tão jovem inicia a manhã debaixo do sol escaldante, calejando as mãos e o corpo, para tirar o seu sustento e de sua mulher.

Com a xícara de café movimentando no pires, a refletir procurando enxergar sua culpa ou erro na criação do filho. Como a pipilar solitariamente na cozinha continuava:

- Tanto que falei para ele não se meter a arrumar família, antes de terminar os seus estudos, para quem sabe arrumar um bom emprego. Mas ele é igual ao pai...Cabeça dura.

Enquanto isso sua filha mais nova acordará e perguntou-lhe:

- Mãe, com quem a senhora estava a reclamar da vida?

Calmamente a mãe respondeu, confiando o olhar tristonho a linha do Horizonte:

- Comigo mesmo minha filha. Estava pensando na situação do teu irmão. Bom menino, jovem e mais um a meter os pés pelas mãos.

A filha questionou:

- Por que mãe?

E ela respondeu:

- Por que?!... Ele ainda é um menino. Aqui em casa ele não fazia nada. Mal lavava suas cuecas; dormia até “Chico chegar da roça” e reclamava de tudo e tinha uma vida de Rei. Agora filha é duro ver o meu príncipe acordar às cinco da manhã, fazer café, lavar as suas roupas e da esposa, bem como trabalhar como auxiliar de pedreiro nesse sol pesado, que o teu pai, quando vivo reclamava.

E continuou:

- Ele tem só vinte anos, mas já está com a cara de trinta.

E a filha tenta ponderar:

- Mas mãe. Ele quis assim e nada podemos fazer. Eu disse também a ele, quando ele me falou da canseira, do pouco dinheiro e das exigências da mulher, que hoje só podemos ouvi-lo e consola-lo.

E a mãe com um ar de preocupação exclamou:

- É minha filha, eu sei de tudo isso, mas me dói a alma, em vê-lo tão jovem assumir uma responsabilidade perdendo a sua juventude. Infelizmente ele vai ter que aprender com os erros de suas decisões imaturas.

E a filha:

- Sim mãe, eles crescem fisicamente e se acham os donos do mundo, mas são uns tolos.

A mãe:

- Para nós vocês são sempre crianças. Mas não posso deixar de lamentar, que ele nessa vida vai ter que aprender, da pior maneira, a ouvir quando a gente aconselha.