Recorrendo a um texto arretado

Estava querendo escrever sobre uma nova chance na vida, um reviver, um começar de novo, um revival da vida, mas nada com as tintas da religiosidade piegas e nem do [óbvio ululante... Tentou, tentou, tentou e... nada. Não conseguiu.talvez um dia conseguisse. Será? Então para suprir a necessidade decidiu reler um texto arretado que primeiro foi atribuído a Garcia Márquez, mas depois desmentido, um texto que, pelo que sabia, era anônimo, o que, com certeza, para ele, nao trazia nenhum prejuízo. Sentadinho na cadeira de balança pegou o recorte e leu baiixinho como se estivesse fazendo uma oração:

"Se por um instante, Deus esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo que penso, mas, certamente, pensaria tudo que digo. Daria valor as coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.Dormiria pouco, sonharia mais,pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria com um sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de braços no solo, deixando a descoberto n~çao apenas meu corpo, como minha alma. Deus, meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com u sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus, meu, se eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um dia sem dizer às gentes - te amo, te amo.Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice mas com o esquecimento. Tantas coisas apendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver na montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena Mão a mão de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. Sao tantas a coisas que aprendi com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me colocarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo".

Um texto arretado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/11/2019
Código do texto: T6794816
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