Fora de Cena

Já se passava das 22 horas quando no silencio da rua, na casa ao lado, se ouvia risos e desesperos, gritos eufóricos, miados e latidos. Agitos que perturbavam a ordem de quem queriam dormir.

Na periferia das horas que passavam, havia um medo no ar, mas ali regia-se algo, que não se podia discernir, pelo menos naquele instante, pois não se comporta medo e risos no mesmo ambiente e ai residia a dúvida na curiosidade de saber o que se passava.

Naquela casa, as luzes acesas e ninguém pedindo socorro, podia se descartar, doença, morte ou assalto. Talvez uma desavença familiar, no entanto, o que se podia deduzir pelo pulo da gatinha da dona Graça pela janela era de que algo acontecia. Fisgado pela curiosidade, me aproximei das grades e olhei. Pude ver, o que vos relatarei. Duas tabuas fechando a entrada e saída, da cozinha e quintal, a geladeira desligada e fora do lugar juntamente com o fogão, bem como os seus netos, cada um com uma vassoura e ainda o Pingo, cachorrinho da casa na cozinha, correndo compenetradamente baratinado, de um lado para o outro.

Depois de muitos pulos e gritos misturados a risos, identifiquei o problema. O que normalmente ocorre nas habitações da periferia, pelo problema crônico do lixo, que o Estado não cuida adequadamente e a vizinhança, por sua da má educação, dá problema para o outro. Um rato, um rato que fazia toda aquela festa, onde os meninos e o cachorro tentavam mata-lo, mas serelepe ele se esquivava e ia desviando das pauladas e mordidas a ele direcionadas. Até que, pronto o rato sob impulso do medo, saltou mais alto que o obstáculo e PLUFT, pulou para o quintal e “perna pra que te quero”, adentrou entre um vão da casa ao lado com o banheiro e sumiu. Enquanto os meninos, exaustos, riam de todo aquele circo e a comentar comigo, quando me viram, sobre a ação da Mimim, a gatinha da casa, que no início vimos pular pela grade, me contagiaram a ponto de eu fatiar os risos. Pois a gatinha posta de frente com o rato, assustada correu e pulando a grade, do lado de fora, se pôs a observar pelas frestas de baixo, o que acontecia. Nada comum para um gato, mas leva-se em consideração, hoje eu como advogado de defesa, apurei, que a gata se assustou não com o rato, seu inimigo natural, mas com o fato de a colocarem num filme, que ela nem sabia, que estava como artista, visto que fora pega, as pressas do cantinho, quentinho, em que estava dormindo.