O ANJO DO MEU ANJO
— Ciao, ciao... - Acenava, enrolando a língua, o meu pequeno Gustavo. Estranhei ao vê-lo longe da casa, estranhei ao vê-lo pertinho do mar. Não havia ninguém com ele, nem mesmo a sua babá.
Temerosa, encurtei os passos pela areia. Abraçando-o, baixei-me ao seu tamanho só para perguntar: - "O que foi querido? Para quem estás acenando? E, onde está Ana?"
Ele, com o olhar muito triste, fungou uma só resposta. — "Meu novo amigo entrou na água e sumiu. Acho que engoliu água e afundou."
— Amigo? Que amigo? - Perguntei um tanto assustada. Estávamos sozinhos naquela praia.
De soslaio, me olhou como se eu tivesse a obrigação de entendê-lo.
— O nome dele é Willian! - Respondeu categórico.
Respirei fundo, respirei indignada com Ana.
— Meu amigo, me falou das ondas do mar. Disse que puxam e repuxam se eu tentasse pegá-las. Disse também que sou muito pequeno para pular por sobre elas. Não fiquei com medo. Falei que já sou homem, Willian não acreditou. Correu, correu na minha frente gritando: - "Não saia daí que vou te mostrar". Dando-me adeus, afundou! Ele virou peixinho mamãe?
Não havia marcas na areia, observei. Apertei Gustavo o mais que pude ao meu peito e caminhei por sobre as minhas próprias pegadas.