OLHAR FRANCO-BRASÍLICO

Ah, o melhor dos tempos, o pior dos tempos! Em 1968, dois (ainda jovens) fotógrafos nas ruas de Paris, a chamada Cidade Luz, registrando para a eternidade protestos que sacudiam duas grandes cidades, duas cidades grandes, ao lado dos manifestantes que saíram às ruas sob o slogan "pedindo o impossível"... Imagens daqueles dias agora reunidas em livro: retratos e depoimentos dos dois fotógrafos. Bruno conta que pôde ver pela primeira vez as fotos que fez na época, graças à tecnologia - na ocasião, fotografias sem flash, muitos negativos ficaram subexpostos, com pouca luz, imagens restauradas graças a modernos recursos digitais que na época não podiam ser utilizados.

1---PARIS - TRÊS FOTOS - "Allons enfants" - jovem discursa para os passantes no bairro parisiense de Saint-Germain-des-Pres / à esquerda, cortejo fúnebre do estudante GILES TAUTIN / abaixo, manifestantes e barricadas de madrugada no bairro de Vaugirand, junho/68. --- Resumo: "Barricadas construídas com tudo o que havia por perto: tapumes, placas de cinema, carros e até colunas Morris; do lado do governo, escavadeiras para destruição. Realmente, uma guerra civil. Após uma noite de confrontos, as pessoas em robe de chambre e pantufas para comprar pão, completamente atordoadas, entre árvores cortadas, carros queimados, inacreditável e miraculosamente poucas vítimas em tanta violência. Fascinante a necessidade das pessoas de se falar - não só estudantes desciam às ruas, em mistura social rara, queriam discutir, reinventar o mundo, desejo de liberdade e explosão - esse foi o aspecto mais surpreendente de Maio/68, tantas discussões abertas entre todos os meios sociais. No

geral, manifestações à noite, fotógrafos usando flash. Trabalhei exclusivamente com luz ambiente: melhor a atmosfera da rua, com áreas de sombra" (BRUNO BARBEY).

(SEGUE.)

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 22/06/2020
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