ADEUS JOSELITO

ADEUS JOSELITO

Autor – Flavio Alves

Lito era meu melhor amigo, mas sofreu um acidente vascular cerebral, não resistiu e veio a falecer no dia 20 de dezembro de 2019. Estávamos passando final de semana em Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, cidade ao sul do estado de Pernambuco na casa da minha irmã. Na sexta feira à noite, dia 13 de dezembro, Lito olhou pra mim e falou.

- Amanhã é sábado, e nós poderíamos passar o final de semana, na casa da tua irmã, eu pensei em comprar umas latinhas de cerveja e algo para assar na brasa. O que tu achas?

- Eu acho a ideia maravilhosa, mas e o cachorro?

Leiser era um vira lata preto com manchas amareladas, que vivia abandonado em uma garagem baldia em frente à nossa casa, e por misericórdia adotamos o animal.

- O cachorro tem a casinha dele, e só vamos passar o sábado fora, botamos água e comida o bastante, e no domingo à tarde a gente vem embora.

No sábado pela manhã, compramos o que foi combinado, ligamos para minha irmã e comunicamos que já estávamos saindo de casa. Pegamos um taxi, colocamos todas as coisas no porta malas, e seguimos. Já na casa de Cristina minha irmã, passamos um maravilhoso sábado. Escutávamos músicas tomando cervejas, contávamos piadas e nos divertíamos bastante.

- Flávio, já é hora de descansar um pouquinho, já passa da meia noite, e hoje será um novo dia - falou Cristina.

No domingo ensolarado, a uma certa distância, podia se ver o lindo azul do mar.

- Acorda Lito! Falei. Já é mais de sete horas.

Lito levantou, passou água no rosto, escovou os dentes e ficou tomando o café da manhã, enquanto eu, fui até a padaria na intenção de comprar um bolo de trigo.

- Se tiver leite em caixa, eu quero duas – Lito falou.

- Se tiver eu trago. E você Cristina, vai querer alguma coisa?

- Quero sim, uma carteira de cigarro.

- Deixa um filme de ação no celular pra eu ficar assistindo – Lito pediu.

Deixei Lito tomando café e assistindo um filme estrangeiro, o qual não lembro o título. Quando retornei, o filme ainda continuava, e quando terminou o filme, Lito começou tomando uma dose de whisky, mas Cristina minha irmã, pediu para que ele tomasse cerveja. – Ele falou.

- Eu só tomo cerveja se você trouxer um caldinho de feijão.

- Eu vou pegar, respondeu Cristina.

O caldinho de feijão estava muito gostoso, mas Lito colocou mais vinagre e pimenta e eu falei pra ele que não seria bom, pois o mesmo tinha uma inflamação no olho esquerdo que dependia de uma cirurgia, mas ele era teimoso e não ligou para o fato. Quando era aproximadamente 13 horas do domingo, O velho estava em uma cadeira de balanço, baixou a cabeça por alguns minutos, então percebemos que algo estava errado. Chamamos várias vezes seu nome e ele não respondia. Foi aí então que percebemos que o velho não estava bem. Deitamos ele, e colocamos um ventilador e ele suava bastante. Valmir meu cunhado foi chegando. Botamos ele no carro e partimos para o hospital, e foi aí que o médico falou que o velho tinha sofrido um AVC, e teria que ser transferido urgente para Recife. Foram dias de sofrimento, do domingo dia 15 ao dia 20 de dezembro. Todos os dias, eu e Lita a irmã dele, e o filho com sua esposa, passávamos o dia no hospital em busca de notícias, e sempre que os médicos analisavam, só traziam notícias negativas.

- Eu sinto muito, mas a situação do senhor Joselito, é extremamente delicada. Ele está entubado, com um aquecedor e respirando através de aparelhos, e a situação dele é bastante grave. Pra falar a verdade, aumentamos várias vezes a dosagem da medicação, mas mesmo assim ele não responde. Se vocês tem alguma religião, por favor façam suas orações, porque em algum momento, seu Joselito pode vir a falecer.

- Meu Deus do céu! Vou perder meu irmão – Lita falou chorando.

Na sexta feira, dia 20 de dezembro de 2019, saímos de sete horas da manhã do Cabo de Santo Agostinho para o hospital Pelópidas Silveira, hospital com referência em cardiologia e neurologia na cidade de Recife – PE. Passamos o dia inteiro e quase de noite após as visitas uma médica com aparência oriental, muito atenciosa falou que tudo foi feito, mas infelizmente Lito não reagia, e mesmo se sobrevivesse iria ficar de uma forma vegetativa. Pediu para que a gente voltasse pra nossas casas porque não ia adiantar nada ficar no hospital. Eu e Lita saímos do hospital aproximadamente 18 horas. Lito meu amigo, não resistiu e faleceu às 22:04. No outro dia, Lita desesperada liga pra mim. Retornamos ao hospital pra resolver problemas do funeral. Foram dez anos de amizade que ficará marcado para sempre. Que Deus te bote em um bom lugar, fica com Deus meu amigo.

Flavio Alves
Enviado por Flavio Alves em 11/09/2020
Código do texto: T7060389
Classificação de conteúdo: seguro