O MENINO

Era noite de natal, a cidade iluminada pelas luzes coloridas parecia se visse do alto um amontoado de estrelas cintilantes

A frieza e solidão das ruas da grande metrópole contrastava com o desejo de paz presente em vários corações e pela prática da caridade que nessa época se faz mais presente.

Chovia muito e também fazia muito frio.

Numa casa confortável seu Alberto, um homem já de avançada idade e muito doente comemorava o natal com sua família, era um homem honesto trabalhador mas no momento estava afastado de suas atividades devido a problemas de saúde, tinha uma rara espécie de reumatismo nos ossos, que provocava fortes dores em todas as articulações, estando prestes a ser submetido a uma arriscada cirurgia, a dor era intensa e naquela noite fria parecia se agravar ainda mais, seu caminhar era lento e mancava, e muitas vezes perdia o equilíbrio do corpo chegando mesmo a cair,

Não fosse a sua fé e o desejo de comemorar o natal com a família seu alberto já estaria deitado à muito tempo.

a casa estava toda trancada pois aquela era uma região de alto índice de criminalidade e todo cuidado era pouco. Homem bondoso e muito cristão sempre estava disposto a ajudar as pessoas, e dedicava-se verdadeiramente á pratica da caridade, e sempre alimentava principalmente nessa época do ano a esperança de que algo extraordinário acontecesse, um sinal que o encorajasse a prosseguir sua jornada apesar das dificuldades que enfrentava.

procurava tratar a todos com bondade, para merecer todas as bençãos que recebia, pois apesar dos seus sofrimentos tinha muito o que agradecer e nunca se esquecia disso.

Nesse momento , todos oravam em volta de uma mesa, de mãos dadas e muito emocionados , agradeciam o alimento a união entre eles pediam paz, saúde alegria para sua família e para toda a humanidade e pediam também que fossem capazes de viver no amor e na harmonia e praticarem a caridade sempre. Assim permaneceram por um bom tempo em oração, até que ouviram um ruído que desfez toda a concentração daquele momento, era a campainha que tocava insistentemente.

Três pessoas se levantaram para atender, mas seu alberto sentiu que era ele quem deveria atender e disse – deixa que eu atendo,- todos então se assentaram, seu alberto levantou-se com muita dificuldade, sentindo muita dor e foi atender. Ali à sua frente todo encharcado e tremendo de frio estava um menino de aproximadamente oito anos, era um pobre menino de rua, as vestes todas rasgadas e até mesmo cheirando mal, do seu rosto uma lágrima escorria e humildemente pedia um pouco de comida e um abrigo contra o frio que rondava as ruas. Seu alberto imediatamente o convidou a entrar, trancou novamente a porta, e dirigiram-se a sala de jantar.

ao chegar com o menino todos ficaram assustados e pôde sentir no rosto de cada um, nas expressões faciais e em cada olhar a desaprovação pelo seu ato, imaginou o que pensavam “imagina só convidar um pivete de rua para nossa ceia, esse homem está louco” ninguem disse nada mas não precisava, o preconceito estava estampado em cada semblante, sabia que todos o recriminavam pelo que fez e com certeza não desejavam a presença do menino ali naquele momento, o menino muito envergonhado olhava para baixo se sentindo desprezado. Seu alberto estava decepcionado com a atitude de seus familiares, começou a chorar e pedindo a tenção de todos falou:

- O que está acontecendo com vocês?, eu não poderia deixar esse menino lá fora numa noite como esta, - o homem chorava compulsivamente - é natal, está frio, ele está com fome e nós temos comida e abrigo, - o velhinho alterava a voz indignado

- se não o acolhermos o que adiantou a oração que fizemos ainda à pouco, onde está o tal espírito de natal ? E que egoismo é este que não nos permite compartilhar o que não nos vai fazer falta alguma.

- parem e pensem um pouco.

Todos ficaram envergonhados e se sentiam culpados pelos maus pensamentos que tiveram e olharam além dos seus pré conceitos e não enxergaram mais um pivete de rua , mas sim um pobre menino que merecia ser acolhido e amado, então todos se dispuseram a acolhê-lo e passaram a tratá-lo muito bem. Seu alberto sorriu e disse ao menino:

- Você é muito bem vindo aqui – o menino olhando fixamente em seus olhos respondeu

– Deus vai lhe pagar por isso aguarde e verá – e seu alberto pergunta - -.

– Qual é o seu nome ? O menino responde

- Emanuel , senhor.

- e sua família onde está? Insiste sr alberto – o menino responde

- - está aqui.

esta resposta o comoveu novamente ao perceber que o menino não tinha família. Imediatamente providenciaram para que tomasse um banho quente, arrumaram para ele roupas de netos do sr. Alberto, que caíram como uma luva. Sentaram-no à mesa e serviram a ele um belo prato de comida e refrigerante, o menino que estava faminto não perdeu tempo e comia rapidamente parecendo achar tudo delicioso, e olhava para todos com um largo sorriso, todos se sentiram felizes e realizados pelo bem que estavam fazendo,

O grande relógio da sala bateu meia noite e seu alberto entusiasmado convidou a todos para que se dirigissem á sala de estar, que também estava trancada, para colocarem o menino jesus no presépio, pois era tradição da família todo natal á meia noite todos juntos faziam uma pequena cerimônia e colocavam o menino jesus na pequena manjedoura

Todos então se encaminharam a esta sala, as duas salas ficavam bem distantes e seu alberto sabia que seria o último a chegar, na saída convida emanuel – venha emanuel nos ajudar a colocar o menino jesus no presépio. Emanuel porém nada fala, apenas olha para seu amigo sorri, seus olhos brilham intensamente, um brilho estranho, diferente, mas prefere ficar lá saboreando seu prato de comida que já estava quase no fim.

Seu alberto então se dirige ao local do presépio destranca a porta todos estão entusiasmados e algo curioso acontece, para a estupefação de todos, o menino jesus já estava no presépio, seu alberto fica indignado por alguém ter quebrado a tradição e pergunta a todos.

– Quem colocou o menino jesus aí antes da hora? – cada um declara sua inocência e insistem no fato de a porta estar trancada, e foi trancada pelo próprio sr. Alberto para evitar que as crianças que faziam muita bagunça estragassem o lindo presépio e quando trancou lembrava-se bem que olhara demoradamente o presépio e o menino jesus não estava lá naquele momento. Atordoado e intrigado seu alberto põe-se a pensar e surge então uma idéia, uma hipótese do que poderia ter acontecido.

imediatamente volta correndo a sala de jantar, e quando está quase chegando naquela sala percebe atônito que algo diferente acontecera dentro ele, sentia-se muito bem, e um fato ainda mais curioso o fez vibrar naquele momento e não podia acreditar no que estava lhe acontecendo, não podia acreditar, era incrível mas ele havia corrido, cruzara toda a extensão da casa em poucos segundos , o que seria impossível à alguns minutos atrás, não sentia dor alguma, e movimentava-se perfeitamente, sem saber o que pensar entrou imediatamente na sala de jantar e confirmando as suas suspeitas, encontra o prato em que emanuel comia vazio, e nem sinal do menino, todos se põem a procurar, reviram toda a casa “trancada” mas não encontram emanuel em nenhum canto.