PROCURANDO ESTRELAS

Noite de natal, já era quase meia noite e eu sai ao terreiro. Olhava para o céu tentando ver a tal estrela brilhante que dizem que aparece nessa noite, ou quem sabe um trenó cortando o espaço! Delírios do vinho, embriagues da nostalgia!

Fiquei ali algum tempo observando a noite, refletindo sobre minha vida lembrando outros natais. Absorto em meus pensamentos demorei a ouvir o som da campainha.

Quando abri era um mendigo, muito sujo e maltratado barba grande e um rosto que me parecia familiar. Eu o conheço de algum lugar pensei. Estava ajoelhado à minha frente e suplicava algo para comer. Entrei na casa, fui até a mesa da ceia peguei uma coxa de frango e dei a ele. O homem ficou muito contente e vi uma lágrima rolar de seu rosto e cair ao chão, agradeceu e foi embora muito feliz.

E eu fiquei olhando e tentando imaginar tudo o que estava por trás daquela lágrima, e ela brilhava, reluzia no chão, parecia uma lâmpada branca, ou um diamante e ficou assim por algum tempo até que desapareceu, perdeu o brilho.

Aquela lágrima no chão me transformou, e despertou o desejo de ajudar, e desde aquele dia em diante eu sempre fiz doações na noite de natal passei a sair distribuindo alimentos para os moradores de rua, isso me proporcionava uma enorme felicidade, mas o que eu buscava na verdade era uma lágrima que tivesse aquele brilho. Vi muitas rolarem, mas nunca a encontrei.

Demorei muito para entender que a estrela que eu procurava no céu naquela noite, eu encontrei no chão.