LUZ NO FIM DO TÚNEL (BVIW)
                                 
 
- Lembra, minha amiga, o dia em que ficou “cega”?
- Lembro sim, foi  justamente  quando deixei de me sentir gente e passei a me habituar com tudo.  E  nestas circunstâncias,  fui dominada pela indiferença, pela insensibilidade, pelo comodismo, pelo  medo. Dai em diante, passei a não enxergar mais nada nem ninguém...
-  E quando sentiu necessidade de partir em busca da cura?
- Ah , minha amiga quando busquei a cura já era tarde demais...  Já havia me tornado um ser insensível a qualquer dor, a qualquer sofrimento, um ser de ver sem enxergar, de olhar perdido,  de alma  vazia, que nada preenchia, como se o corpo não respondesse a nenhum outro sentimento, nada me oferecia prazer e nem desejo de luta para que isto acontecesse , só dava vontade de puder ficar observando as pessoas, procurando em cada rosto os seus mistérios,  como se quisesse encontrar a desilusão do outro para justificar a minha e embora   reconhecesse  que neste mundo cabe muita gente, mesmo assim me sentia invadida pela sensação de que estou sobrando nele.
- E agora, minha amiga, como se sente?
- Ah, minha querida amiga, milagres acontecem...  Dia desses, sem ter nem porquê, enxerguei  luz no fim do túnel.
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/08/2021
Reeditado em 17/08/2021
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