(Arquivo pessoal)

 

Jardim de Dona Ana

 

Fui à  casa de Dona Ana, buscar o queijo encomendado. Em Abaeté, no Centro-Oeste  mineiro ,  ainda se batem palmas para anunciarmos nossa chegada., palmas essas que trazem-me as mais ternas lembranças do meu tempo de criança. Queijo fresquinho entregue, eu já pensando num café quentinho e conversa vai, conversa vem - olho para o jardim que não é de Burle Marx, embora um encanto que só e indago:

- Que belezura é essa, Dona Ana?

-Não sei o nome minha fia, só sei que tem a forma  de um botão. Pensei comigo, um lindo botão ornamentando os vestidinhos das Helenas, Teresas, Reginas, Carolinas...

Peço autorização para fotografar o jardim  e com um sorriso nos olhos, Dona Ana faz uma mostra de seu cenário, a mim me parecia   um relicário: cajá- manga, antúrio, rosa-do-deserto, bertalha, confete, flor-da-fortuna...

À medida que ia mostrando seu jardim, dizia:

- O povo  fica admiradu mesmo  é com essa plantinha que ocê gostou.  

-Não é que o povo tem razão, Dona Ana?

Sem nada a nos dizer, olhava-nos a órbea ou orbea. Com ou sem acento,  eu lhe daria o mais alto dos assentos!

Próxima dali,  sussurrava  baixinho a azaleia:

- Lá vem a prosopopeia...

 

 

 

 

Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 22/10/2021
Reeditado em 23/10/2021
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