Traição.

Já era tarde quando a campainha tocou, o silêncio fez com que o barulho atravessasse o ouvido.O som acelerado confundia-se com o palpitar do meu coração que áquela altura quase saia pela boca, queria eu tê-la ouvido mais cedo.

Olhei pelo olho mágico e lá estava ele, lindo, como nos meus sonhos, parecia ter sido esculpido alí. Respirei fundo e o espelho redondo perto da porta denunciou minha falta de vaidade áquela hora da madrugada. A maquiagem borrada, os cabelos já desgrenhados carregavam o calor do travesseiro. Do quarto já ocupado, sentia-se o

cheiro de perfumes misturados.Cheiro de corpo, cheiro de gente.

A campainha gritava, e eu ouvia nitidamente os passos agoniados do lado de fora. Por instantes jurei ter ouvido sua voz grave sussurrar "abre querida, preciso de você hoje!", minhas lágrimas quentes atravessaram meu rosto. O desejo de abrir aquela porta e abraçar quem eu tanto amava, era maior do que o medo da descoberta, o medo de assumir um erro imperdoável.

Abri a porta, minha boca não conseguiu dizer nada, as palavras

fugiram, esqueci por um instante o que era falar. Apenas o abracei forte. Corri para os braços quentes que me acolheram como sempre. Esqueci do mundo. Olhei em seus olhos e com um olhar ele pôde entender o meu pedido de perdão. Não tive o que dizer, meu amor

era maior do que palavras, meu amor era maior do que qualquer outro sentimento.

Naquela noite eu não o convidei para entrar, ele mesmo sem falar entendeu todos os "porques", beijou-me na testa, segurou minha mão pela última vez, sorriu o sorriso mais lindo que eu já vira algum dia e me deixou alí...

O cheiro dos perfumes ainda estava em mim, agora havia mais um.

Fechei a porta com as mãos suadas, trêmulas e dessa vez o silêncio foi algo devastador. Só o que eu ouvia agora, era a respiração vinda de dentro do quarto.

O erro já havia acontecido, não podia mais voltar atrás, dessa vez era pra sempre, não haveriam mais campainhas e nem sussurros ás 03 da madrugada pra mim!

Deia Tumenas
Enviado por Deia Tumenas em 25/08/2008
Reeditado em 31/03/2009
Código do texto: T1145372
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