Antônio, menino celestial

05/06/08

Antônio, menino celestial.

Na fazenda onde Antônio morava com seus pais e irmãos, havia um quintal, que era o local preferido dele, para aventurar-se mundo afora, pegando animais voadores, criando arapucas, armadilhas que sabia fazer bem e com muito esmero.

Assim era sua vida de sol a sol: pegar passarinhos e examiná-los, tratando cuidadosamente de seus ferimentos, como um verdadeiro profissional.

Quando percebia que os pássaros estavam fora de qualquer perigo, soltava-os, pois assim era a natureza: livre para voarem, levarem pólen de um lugar a outro, para procriarem e assim, começar tudo de novo.

Ele chegava muito tarde para as refeições. A mãe, preocupada com o sumiço do filho, e com medo de que algo tivesse acontecido a ele, ou que estivesse ferido por uma bala perdida, ficava sempre rezando. Ele respondia que estava “por aí”, sem mais delonga. Ela morria de medo que lhe acontecesse algo de ruim, seu menino rebelde, livre. Era um alívio quando terminavam as férias, menos para o garoto, é claro.

De volta às aulas, no colégio, só desenhava, lia e escrevia histórias de passarinhos, demonstrando desde logo sua vocação de veterinário. Nunca realizou seu sonho: morreu com quase quinze anos.

Uma dor muito forte surgiu de repente. Diagnosticado com apendicite, Antônio, não resistindo à doença e ao sofrimento, morreu, deixando os bichinhos de que tanto gostava sem sua proteção.

A família, dilacerada pela grande perda e por saber que nunca mais veria o menino que tanto gostava dos pássaros, chorou por muito tempo.

Deve estar, agora, entre os anjos de asinhas, pensando que são os passarinhos do céu.

XXVI Concurso Internacional Literário

Adriana Quezado

14º lugar

AQAZULAY ADRIANAQ
Enviado por AQAZULAY ADRIANAQ em 11/10/2008
Reeditado em 12/06/2011
Código do texto: T1222547
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