Homem sem alma!

Aquele homem era impressionantemente seco. Não, não me refiro à sua compleição física, embora fosse um tipo raquítico, desprovido de qualquer traço de beleza, uma figura invisível, daquela que passa totalmente despercebida em qualquer ambiente ou em meio a multidão. Era seco de alma, de sentimentos bons.

A beleza é muito subjetiva: existem pessoas que apesar de possuírem traços quase perfeitos, não possuem o viço que as tornem atraentes, e acabam se assemelhando à belos bonecos em sofisticadas vitrines. Enquanto outras, mesmo distantes de padrões físicos de beleza são tão amáveis, simpáticas e amorosas que acabam por irradiar beleza por onde passam. Esse homem não se encaixava em nenhuma das descrições acima.

Mas jamais se poderá negar que ele era um belo exemplo...do que não devemos ser como seres humanos. Era movido pela vaidade, pelo egocentrismo e pelo dinheiro, alvo maior de toda sua ganância. Nenhuma amizade era desinteressada, nenhum relacionamento vinha do coração. Tudo era movido pelo jogo de interesse; quem pudesse alimentar mais sua vaidade, lhe proporcionar mais benefícios materiais, merecia um naco maior de sua atenção. E dessa forma, sempre afastava cada vez mais as boas pessoas, as de bom caráter e atraía almas afins sedentas pela hipocrisia, a falsidade e o egoísmo em prol de si mesmas.

Mas a vida ía passando e ele, com todos os bens acumulados, e ainda cercado de falso querer, estava cada vez mais sozinho, sem sorrisos amorosos, sem casa cheia de alegria, sem mesa repleta de doces carinhos. Sozinho com seus, e só seus, delírios de grande homem.