SONHO DO VASCAINO

Fomos ao Rio de Janeiro com a nossa neta para o meu marido realizar o grande sonho da sua vida: conhecer o estádio São Januário. Pena que não estava aberto à visitação.

Assistimos a uma partida acirrada do Vasco contra a Ponte Preta, pelo Brasileirão.

Nos primeiros minutos, os visitantes fizeram gol e o Caldeirão da Colina ferveu.

-Burrrrrrrooooooooooooooooooo!

-Meu bem, quem a torcida está xingando?

-O técnico do Vasco, que não mexeu no time.

-Vovô, compra cachorro quente para mim.

Empurrado pela torcida, o time do José empatou e mais de onze mil torcedores foram ao delírio. O Gigante da Colina tremeu.

Inúmeras bandeiras tremularam na arquibancada ao som da charanga e do grito de guerra dos torcedores fanáticos.

Não demorou muito e o time adversário fez mais um gol.

Muitas vaias soaram no estádio para o dirigente técnico.

-Vovô, compra refrigerante.

-Morrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaa!

-Credo, meu bem! Quem eles querem matar, hein?

-O juiz, que acabou de anular o gol do meu Vasco.

-Nossa! Já são três jogadores que saem na maca!

-Isso é normal, querida.

-Que horror! Nunca ouvi tantos palavrões! Estou me sentindo numa arena, assistindo os leões devorarem os cristãos. Ninguém respeita os velhos e as crianças.

-Eles também estão xingando.

-Vovô, quero biscoito e água.

-Diiiioooooogo Sooooooouzaaaaaa!

-Quem eles estão chamando, benzinho?

-Um jogador imprevisível, que está no banco dos reservas.

-Vovô, compra outro refrigerante.

-Gooooooooooooooooooooooooooooooooooool!

-Dois a dois, querida! Ufa! Ai, Vascão! Assim você mata o papai!

Olha, querida! Diogo Souza vai entrar em campo. Graças a Deus, Cristovão Borges ouviu o clamor da torcida.

-Está empatado, vovó! Que legal, né?

-É, Duda, mas Larga o meu pescoço. Estou toda doída.

-Por quê?!

-Não sei. O meu lado direito endureceu.

-Então, vou chamar o moço do picolé, viu?

-Vascoooooooooooooooooooo! Vooooooooooooooooo!

-Gooooooooooooooooooooooooooooooool!

Acabou a batalha. Três a dois para o Vasco. O imprevisível deu a vitória ao Vasco e a alegria foi geral.

Na saída, passamos na loja do clube.

-Vovó, pega aquela bola para mim.

-Toma e não joga no chão, porque estraga.

-Querida, vou levar esta camisa, que é o último modelo.

-Duda, para de quicar a bola e faça pose para a foto.

Ei! Segura firme a bola do Flamengo, menina!

Todos em volta exclamaram: pôôôôôôôô...

-Fui mal. Desculpa. Não queria falar isso e, também, a minha netinha não é flamenguista.

-Pôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôô...

-Menos, querida.

Companheiros, ela vai apanhar em casa.