NUNCA É TARDE! - Capítulo XXIII

CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER MELHOR A HISTÓRIA, SUGIRO A LEITURA DOS VINTE E DOIS CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

Marina continuava a contar a história:

- A moça foi achegano pra dentro da casa, guardou suas bruaca no quarto e foi ajudá mãe fazê a janta. No outro dia, aliás, à noite os cachorro latiu como nunca, e só latia perto da janela do quarto da moça. Meu pai pensava porque ela era estranha e não ligou muito. Ela fumava cada cigarrão de paia que enfumaçava a casa tudo. No outro dia cedo, ela levantou de madrugada, ajudou os pião tirá leite, pai mandou os menino pegá o cavalo dela e eles num acharam, então ela num foi embora, procuraro o cavalo até cansá e num acharam. Aí ela ficou pro armoço, pra merenda, pra janta e foi ficano. Com cinco dia que ela tava lá, sempre com roupa de home, mãe não levantou, tava doente. A verdade é que nunca mais levantou, então ela tomou conta da cozinha, das roupa, dos menino, de tudo, parecia até uma coisa, ela levantava cedo, coava o café, ajudava tirá leite, fazia queijo, lavava roupa, cuidava de mãe, fazia armoço pros pião, parecia uma máquina, tudo muito rápido, num instantinho ela tava com tudo arrumado, todo mundo admirava a esperteza da moça, as comade de mãe vinha visitá ela e achava aquela moça muito boa, todo mundo punha ele nas artura. Ninguém sabia nada dela, sempre que perguntava arguma coisa sobre ela, ela desviava o assunto e nunca ninguém soube de onde ela veio. Às veis arguém perguntava os menino de que lado ela chegou, mas ninguém sabia dizê de que lado apareceu, porque eles tava tudo entretido na brincadeira e quando viram ela tava lá no meio deles.

- E como ela se chamava?

- Num sei não, nóis chamava ela de Bia, eu num lembro não senhora, Jó é que falava, diz ela que já tinha dez dia que ela tava lá em casa e ninguém chamava ela de nome argum, falava "moça", "a moça", "a estranha", era assim que falava ela, aí o Joãozinho, meu irmão era o mais curioso e perguntou:

- Ô moça, como é seu nome?

- Qualquer um, o que você quiser.

- Ocê tem cara de Bia.

- Ah! Bia? Então meu nome é Bia, está bem?

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 13/02/2007
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