NUNCA É TARDE! - Capítulo XXVII (Último)
CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER MELHOR A HISTÓRIA, SUGIRO A LEITURA DOS VINTE E SEIS CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.
Fiquei devendo uma explicação para Marina:
- Aí que está, Marina, eu nunca escondi de José Onório que não o amava, mas eu tinha um sentimento bem diferente por ele, apesar de não ter aquele "amor", mas nunca seria capaz de deixá-lo, porque ele era muito diferente de todos os homens da Terra, não era à toa que era José Onório com "O".
- Quê que é isso? José Onório com "O"? Que que tem de diferente?
- Ah! Marina, é porque o nome Honório, geralmente se escreve com "H" e ele era com "O".
- Pra mim tanto fais, eu num sei lê nem escrevê, todo jeito que falo é dum jeito só.
- É! Pra você é tudo igual mesmo.
Ficamos um tempão caladas, olhando os passarinhos fazendo fofoca com a comida das galinhas, quando ouvimos um ruído de um carro.
- Uai, quem será? Hoje num é finar de semana.
- Deve ser algum dos meninos que resolveu vir hoje mesmo.
O carro se aproximou era um fusca, não era nenhum dos meus filhos, porque nenhum tinha fusca. Meu coração desparou, pois tinha muito medo de ficar na fazenda só com Marina. Corri lá dentro, preparei o revólver, qualquer coisa, às vezes ele serveria.
Era um homem sozinho. À medida que o carro se aproximava eu sentia uma coisa estranha, eu não sei explicar, se era medo, se era satisfação.
Só sei que o carro chegou na porta e não conheci o homem, não sabia quem era, mas aquele rosto não me era estranho.
- Boa tarde, senhoras!
- Boa tarde! - respondemos a uma só voz, trêmulas de medo.
- Eu estou procurando uma tia minha, ela é uma senhora solteira já um pouco idosa, me disseram que ela mora por aqui em uma dessas fazendas, já andei em três e me informaram que aqui morava uma senhora com essas características.
Quando ele começou a falar, eu fui me familiarizando com a voz e reconheci e não contive o grito que saiu da minha garganta vindo do coração:
- RONALDO!!!
- A senhora me conhece???
- Claro, Ronaldo! Lembra-se dos dois caminhos? Dos espinhos e das flores? - falei emocionada.
- Não é possível, eu não acredito! Não pode ser! Francisca?!! Ah! Meu Deus, eu não merecia tanto! Deus me ouviu! Deus demorou, mas não faltou! Ele me ouviu!!!
Nos abraçamos como naqueles tempos. Ele já estava com os cabelos grisalhos, mais bonito do que quando jovem.
Com o nosso reencontro, até nos esquecemos de Marina que já estava chorando de felicidade por ver o sobrinho que viera a sua procura.
Para resumir, Ronaldo resolveu ficar morando comigo, e nos casamos, porque Ronaldo ainda era solteiro. Os meninos acharam muito bom, porque se preocupavam muito em me ver sozinha na fazenda, só com Marina.
Hoje, fico a pensar, na atualidade, eu com 50 anos, no ano de 1987 e Ronaldo com 52, nos casamos e encontramos a felicidade novamente e tudo isso me faz dizer que NUNCA É TARDE!