“Pais” & Filhos do século XXI

Meu nome é Juan. Tenho dez anos e estou na quinta série!

Nunca transei, mas sei como é e como se faz. Já vi minha mãe transando muitas vezes e de várias formas. Ela tem até o nome de um dos “caras que a comeu” (como ela mesmo diz) tatuado acima da vagina. Se ela tatuasse todos os nomes com certeza não teria mais espaço disponível no seu corpo. Anal, vaginal, oral... pra ela é tudo normal!

Quando ela está se arrumando pra balada eu nem posso pedir que faça o meu leite com Nescau. Ela fica brava, joga na minha cara todos os “sacrifícios” que faz por mim e me dá sempre uma lição de moral.

Nunca usei camisinha, mas sei para que serve e qual é a sua função. Vi uma, numa certa manhã, caída ao lado da minha cama, com o esperma de algum bonitão que passou a noite lá em casa.

Não bebo, mas conheço bem o cheiro de bebida; é o “perfume que exala” da minha mãe quando “bate o ponto” nos botecos junto com os amigos, nos bares da vida. Nunca fiquei bêbado, mas chorei quando meus coleguinhas riram de mim porque minha mãe estava caída, bêbada. Ela fica desfigurada, feia, debochada e agressiva. E aí de mim se falar alguma coisa!

Não uso droga, mas desconfio que mamãe use, pois tem umas alterações de comportamento e de humor... (será que ela usa?).

Não tenho casa. Tenho moradas passageiras, pois sempre temos que sair de algum lugar por causa das brigas provocadas pelo desrespeito de minha mãe a quem nos dá guarida.

Minha mãe não tem tempo pra mim... não assiste TV comigo, não faz bolo de chocolate, bolinho de chuva (estas coisas que criança gosta que a mãe faça). Ela tem baladas e amigos que ligam constantemente para o seu celular. Já me deixou até doente e foi pra balada... (sabe como é... filho atrapalha... e doente... muito mais).

Sou Juan, dez anos, quinta série. Fruto da inconseqüente liberdade sexual, da irresponsabilidade que move o prazer carnal.

Sou cobrado a respeitar, mas convivo com o desrespeito ao meu direito de ser amado como filho e como criança, cuidado. Não tenho a atenção esperada, mas ouço “muita lição de moral” de minha mãe quando quer ir pra balada. Ela não percebe que silenciosamente estou pedindo para que fique comigo.

Tomara que quando me tornar adulto, não me lembre da infância, pois se me lembrar talvez tenha traumas e desvios de comportamento. Acho que isto não vai acontecer comigo... sei rezar o Pai Nosso e minha avó me diz que Deus é meu amigo, que Ele cuida de mim e sempre me guiará...

Que bom que Deus existe e cuida de mim como minha mãe deveria cuidar!

ANA MARIA CALHEIROS DE MELO
Enviado por ANA MARIA CALHEIROS DE MELO em 08/12/2012
Código do texto: T4026365
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