MAIS PERTO DE JESUS

MAIS PERTO DE JESUS

Iolanda, mulher temente a Deus, religiosa consciente e praticante, nunca faltava às missas dominicais e, muitas vezes, apesar de trabalhar além do horário normal, ia à Igreja em alguns dias da semana.

Tinha um objetivo que vinha acalentado torná-lo realidade - ir a Jerusalém e conhecer os lugares onde Jesus pregou, a Via Dolorosa, o Calvário e tudo o mais que fosse ligado ao Mestre.

Julgava que rezando neste lugar, mais precisamente no caminho da Via Dolorosa, estaria mais perto de Jesus, sentiria sua presença.

Há alguns anos vinha poupando, do pouco que ganhava, certa importância. E, com o passar do tempo, amealhara uma quantia razoável, se bem que ainda faltasse boa parte. Mas, não esmorecia.

Todo ano havia uma excursão à Terra Santa realizada pelos padres e Iolanda fez saber ao seu pároco, Pe. José, da sua intenção.

Pe. José ficou comovido e disse que lhe faria um preço especial, pois se admirara com a determinação de Iolanda.

A excursão seria realizada no fim do ano, antes do Natal.

Iolanda não cabia em si de tanta alegria e vibrava cada vez que pensava na viagem à terra de Jesus.

Suas amigas paroquianas mais abastadas, souberam do ocorrido e lhe presentearam com três vestidos, dois pares de tênis e uma mala de viagem. Com o que já possuía, Iolanda preparou a mala sem se esquecer de nenhum item. Tudo pronto para a tão sonhada viagem.

Morava numa comunidade carente que crescia e avançava pela encosta do morro.

Em meados do mês de novembro Iolanda repassou todos os itens para realizar a viagem. Estava tudo na mais perfeita ordem, inclusive a documentação. A religiosa era a expressão da felicidade.

Mas, numa noite de verão, desabou um temporal arrasador; a água descia da encosta do morro com força nunca vista, destruindo muitas moradias causando desespero e morte. A comunidade de Iolanda foi a que mais sofreu. Um desastre completo!

Por obra de Deus, seu pequeno quarto nada sofrera, mas ao sair viu muita gente desesperada sem saber o que fazer.

Seu coração ficou condoído com aquela cena, principalmente com as crianças - suas roupas sujas, sem moradia e sem comida.

Não pensou duas vezes: foi ao banco sacou suas economias e, na medida do possível, comprou o que era mais necessário para o momento e distribuiu aos desafortunados.

À noite, em sua cama, ficou muito triste por duas razões: a desgraça que se abatera sobre a comunidade e o fim do sonho de ir a Jerusalém.

Pensou: é melhor esquecer e dormir. Amanhã será outro dia.

Amanheceu e, na comunidade, havia de tudo: médicos, policiais, bombeiros, máquinas, viaturas, autoridades e repórteres de rádios e tvs por todo lado.

Acordou os oito meninos que dormiram em seu quarto, entregou-os às suas mães foi para a igreja. O que podia ser feito, ela o fizera. Agora, é rezar.

Foi trabalhar e contou tudo aos seus patrões. Todos ficaram muito consternados.

Ao voltar, à tarde, foi procurada por um repórter:

- A senhora é a dona Iolanda?

- Sim, sou eu.

- Quero lhe fazer algumas perguntas. Pode ser?

- Pode!

- É verdade que a senhora gastou o que tinha para socorrer as crianças atingidas?

- É verdade.

- Posso saber por quantos anos a senhora economizou seu dinheiro?

- Durante sete anos, respondeu Iolanda sem poder conter as lágrimas.

- Quer dizer que o seu projeto de ir a Jerusalém se acabou?

- É provável

- A senhora não vai recomeçar?

- Primeiro tenho que avaliar as possibilidades, pois já não sou nova e esperar por mais sete anos...

Em primeiro lugar tenho que agradecer a Deus por estar com vida e saúde e meu quarto em pé. Depois, vou descansar um pouco, por a cabeça no lugar. Aí, então, veremos.

Uma semana depois, uma equipe de tv foi procurar Iolanda em seu emprego. Ao vê-los Iolanda lembrou-se logo do repórter que a entrevistara.

Disse ele: "Iolanda, viemos aqui para convidá-la para ser entrevistada na nossa emissora de tv, você aceita?

Respondeu Iolanda: Aceito, claro!

Após ter "ido ao ar" a entrevista, três agências de turismo se ofereceram para custear, integralmente, sua tão sonhada viagem à Terra Santa.

Óbvio, Iolanda as aceitou todas.

Iria mais de uma vez para ficar mais perto de Jesus.

Ao anoitecer foi à Missa e agradeceu a Deus por tudo.

Chegando em casa, sentou-se na cadeira predileta e pôs-se a pensar:

Será necessário ir tão longe para ficar perto de Jesus? Quero crer que estivemos lado a lado naqueles dias tão sombrios quando estendi a mão para os meus irmãos.

Agora eu tenho certeza que, quando eu fizer a minha última viagem, estarei bem perto de Jesus para sempre. Amém!

Ah! Os planos de Deus! Quem os consegue desvendar?

FARNEY MARTINS
Enviado por FARNEY MARTINS em 10/01/2013
Código do texto: T4077657
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