Ah, o amor...

Ah, o amor... amei tanto que amei de menos. Em cada esquina um amor, em cada olhar um amor, a cada passo um amor. Amei tanto que quase nem amei. Já nem sei o nome deles e eles não sabem o meu. Não me lembro deles e nem eles de mim.

Mas eu lembro, e como lembro... que um dia fui beijada com tanto ardor que julguei que aquilo era amor. Fui do céu à terra dez vezes em dez segundos. Não sei se foi o louro, o moreno ou aquele que tinha a barba por fazer e que me acordava de manhã me arranhando toda. Outra vez um destes aí me fez alcançar o nirvana. Qual era o nome dele mesmo? André? Luis? Gustavo? Não sei mais. Com cada um, uma história diferente. Algumas parecidas, outras nem tanto.

Se sofri por algum deles? Sim, mas só no início, quando ainda era bobinha demais e me apaixonava por qualquer cara que eu transava. Carente ao extremo, eu hoje sei que mulher quando está carente se apaixona pelo primeiro traste que encontra na frente. Eu que vivia em uma fase de eterna carência, muito me apaixonei, muito levei na cara e muito esperei por telefonemas dos meus amores em trânsito que nunca vieram.

Esperei tanto por ligações que nunca chegaram que cansei. Isto, cansei de verdade. Amor eterno não é comigo. Imaginei anos a fio em casar e ter filhos, formar uma família destas de novela, tudo tão ajeitadinho e limpinho que chega a doer. Em cada homem, eu tinha esta esperança. Será que é este? Ou aquele? Talvez eu me case com aquele que trabalha no escritório de luxo lá naquele bairro legal. Mas todos eles se foram. Outros vieram. Nenhum ficou.

Ah, o amor… já desacreditei dele. Paixão eu acredito, em tesão eu acredito. Sinto isto todos os dias, com mais de um até. Mas amor, aquele que fica de mão dada na praça contigo, que sussurra no teu ouvido palavras loucas e deliciosas, este não sei não. Existe mesmo? Vejo estes casais andando pela rua, na praia, no supermercado. Será que é amor mesmo ou eles só se suportam?

Não sei se existe amor de verdade ou se tudo não passa de um jogo de interesses. Amar o transitório, é isto que tenho feito. Não sei se fico mais ou menos feliz. Só sei que amo tanto que não amo ninguém. Tenho tantos que não tenho nenhum.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 07/04/2007
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