Amarga Senhora

A casa era confortável a velha não tinha do que se queixar, eles a tratavam bem, afinal estava em casa.

Que agora estava silenciosa, e procurando com o olhar alguém, mas não encontrou ninguém apenas uma jovem, que estava atenta ao livro que lia, sem dar maiores importâncias para a coitada ali deitada naquela cama.

Agora de idade avançada, com as dores como companheira fazendo com que ficasse horas e mais horas com uma amiga nada boa, a lembrança.

Mas a lembrança não era as que vinham na sua mente e sim o rosto daquela moça que apesar de tão pequena e ingênua, e inocente. Trazia na verdade todos os erros, e passos impensáveis que agora a senhora ali, já tinha tomado no passado.

Numa outra época, quando era uma outra mulher, e quantas mulheres cabe dentro de nós?

Aquela que não escutou o amor do marido, o choro das crianças, os conselhos da mãe calejada, das primas desesperada... Da vida de outras...

Assim então achando que seria diferente, mas não seria, afinal ela não teria muito para onde ir, talvez por um tempo teria um abrigo em braços jovens, sorrisos falsos promessas de uma juventude que está se iniciando enquanto a dela era pra ser mais madura e preferi a ironia e as razões para “viver”

É meu bem...

O tempo passou e não te esperou?

Os filhos cansaram e trilharam sem você?

O marido que um dia foi tudo, agora tem lá outras prioridades aquelas que tanto você dizia que tinha...lembra?

A cama ainda é macia, mas os erros nem tanto...

Então teria que aguentar aquele sorriso, que mesmo sem falar nada, dizia claramente quem você foi, quem você é e como isso um dia vai terminar...

Foi então que pensou que ela não foi diferente de ninguém, sendo que tomou os mesmos caminhos que tantos outros já seguiram. Hoje sozinha ou não, não sabe se pode se arrepender ou foi isso que sempre quis...

Roberta Del Carlo
Enviado por Roberta Del Carlo em 09/11/2013
Código do texto: T4564106
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