O Dia de Rosa

Rosa era seu nome. Cheia de românticos desejos, extravasava-os escrevendo versos.

Iniciou na adolescência, escrevendo sobre um amor platônico, do qual falava somente à mãe,que era sua melhor amiga.

Tímida, acabou casando-se por acaso, através de um recado trazido por uma amiga, falando das intenções do irmão a respeito de Rosa. O eleito residia em uma cidade distante , era onze anos mais velho, e depois de algumas cartas e telefonemas, acertaram o casamento, que se realizou seis meses após o segundo encontro.

Tiveram dois filhos e depois de algum tempo, as relações íntimas foram se espaçando, até passarem a viver como amigos ,pois era o que se poderia esperar de um casamento sem amor.

Sendo mulher séria, criou os filhos junto ao também sério marido.

Passaram-se as primaveras e os verões da vida e iniciaram-se os outonos.Foi nesta estação de sua existência, que um sentimento intenso, uma atração imensa, despertou seu coração, para amar um ator, com o qual chegou a corresponder-se por cartas e depois e-mails.Durante mais de dois anos esteve apaixonada e encantada pelo artista , após assistir a um filme com o mesmo. Passado esse tempo, depois de haver publicado um livro de poemas, começou a receber convites a fim de participar de eventos literários. Nesses encontros, seu interesse pelo ator, foi transferido para um colega escritor, para o qual passou a se preparar com esmero em cada novo evento. A emoção, a ilusão e outros sentimentos similares começaram a fazer parte da vida de Rosa. A atração era tanta que o simples fato de saber que ele viajaria , a deixava entristecida.

Partiu ela então para um segundo livro de poemas, que em sua maior parte eram inspirados naquela figura que tanto amava.

Ambos tinham compromissos com companheiros que não amavam. Ele tinha uma mulher que tinha crises de depressão e algumas pessoas dizim que ele não a deixava por sentir pena. Então devia ser meia- mulher e ele não costumava levá-la aos eventos.

Rosa, desde que se aposentara como professora e iniciara sua carreira literária, passou a interessar-se por assuntos místicos, não aprovados por sua religião. Consultava tarólogos, astrólogos e toda espécie de esoterismo que fizesse previsões. Descobriu então pela numerologia que seu número de alma era o mesmo que o de seu amado.

Daí em diante iniciou consulta diária a vários oráculos, via internet, pessoalmente ou por telefones que obtinha em anúncios de jornais e revistas.

Foi crescendo esse amor que poderia se dizer, quase unilateral, pois só seencontravam em locais onde outros colegas também participavam. Porém,através de olhares e comportamentos de ambos, ela sabia que um dia poderia acontecer algo.

Rosa teve muita paciência e perseverança e um belo dia ele manifestou-se, esfregando primeira mente as mãos dela e mais tarde as costas. Ficou surpresa com essas atitudes que não eram comuns e pensou que nesse dia haveria outras novidades. Mas ainda não foi nesse dia.

Encontraram-se em outros locais, sempre com a presença dos demais colegas.Ela estava se tornando mais ousadas, usando decotes onde mostrava o colo e pequena parte dos seios. Isso atiçava os desejos dele e ela sabia. Mas ficou à espera de palavrasque confirmassem a ousadia da fricção nas mãos e nas costas.

Então,um dia, ela leu as previsões que diziam para usar determinada cor e determinada pedra. Ela seguiu essa recomendação e visualizou uma espada luminosa afim de abrir seus caminhos. Sim, os caminhos se abriram . Após a palestra e o sarau da reunião, esperou por ele do lado de fora,insinuando-se e tiveram então sua primeira noite de amor, que foi inesquecível e foi a primeira de uma seqüência de encontros maravilhosos que sempre acontecem em suas existências, nas quais duas almas gêmeas, em pleno outono da vida, se entregam a um real e inusitado amor.

marlene andrade reis
Enviado por marlene andrade reis em 16/09/2005
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