Lambendo a calda do pudim

Estava cansada... A dura rotina da vida fazia com que Beth vivesse estressada.

Já não se sentia bela, a idade parecia bater à porta, e ela relutava em abri-la.

Todo o dia a mesma coisa: trabalho, casa, filhos, marido...

Será que blasfemava em reclamar de tudo?

A insatisfação era constante, por mais que tentasse ver algo de bom era difícil olhar para a cama e visualizar seu marido "esparramado", roncando, largado, relaxado...

Já não era aquele homem do começo do namoro...

Fazia-lhe surpresar, tentava agradá-la com flores, com perfumes; seduzia-a com palavras carinhosas, picantes... E agora olhava pra ele ali, dormindo, e não tinha mais nem um estímulo para tocá-lo, acariciá-lo, beijá-lo.

Não, não podia estar exagerando!

Isso é casamento? Você anular seu sentimento e ver sua alegria e juventude se esvaindo pelo ralo adentro?

Estava realmente muito cansada. Já não raciocinava mais pelo lado emocional de mãe, esposa fiel. Melhor trabalhar!

Trabalhar sim! O que uma mulher que trabalha fora faz quando chega em casa? Trabalha!

Amanha era sua folga, e poderia dormir um pouco mais...

Pela manha lembrou que precisava sair e comprar algumas coisas para casa fazia parte de sua rotina também o supermercado, a feirinha e os bancos. Tomou um banho gostoso, demorado, relaxante, e por alguns instantes sua mente trouxe-lhe um rosto conhecido, de um amigo.

Ficou no banho lembrando de seu amigo, e que algumas vezes percebeu que chegaram a trocar abraços mais apertados, mas que pairava a duvida se era sua imaginação lhe pregando peça.

Era um amigo em comum com seu marido, não poderia estar realmente interessado nela. Deveria ser sua imaginação.

Estava no ponto esperando o ônibus, e em sua cabeça pensamentos comuns, não percebeu que um carro parava e lhe oferecia carona. Era seu amigo, doce amigo. Entrou e em breve palavras disse para onde estava indo, mas para seu espanto ele pegava a direção oposta.

Respirou fundo, tremeu um pouco, e pensava consigo: "ele deve ir a algum lugar antes de me levar para meu destino".

Continuaram conversando alegremente e percebia que o caminho se seguia e ele não dizia onde estavam indo, apenas guiava.

Percebeu em seus olhos que algo acontecia, no fundo viu um brilho que a fez tremer excitada. Será que estava imaginando coisas mais uma vez? Não teve coragem de perguntar.

Quando percebeu estavam entrando em um motel. O que dizer naquele instante?

Quantas sensações...Falta de fôlego, respiração acelerada, tesão, seu coração disparava, medo, ansiedade, seu corpo fervia, suas entranhas se umedecia.

Abraçaram-se, se tocaram, se beijaram...

Um beijo longo, mas ávido, que fez com que suas pernas enfraquecessem.

Á muito tempo não sentia tanto desejo assim!

Mas o que fazer? Devo resistir?

Sentia suas mãos percorrendo seu corpo, enquanto seus lábios beijava-lhe o rosto, o pescoço, os seios.

Sua mente travava um duelo com seu corpo.

O que estava acontecendo com ela? A razão dizia que devia parar enquanto havia tempo, mas seu corpo... desfalecia...

sentiu seus dedos deslizando entre a calcinha e achando seu sexo, úmido, quente, pronto para recebê-lo, e não agüentando mais a batalha, entregou os pontos, rendeu-se à paixão daquele momento.

Permitiu que seu corpo vencesse aquele duelo, e sem medo ou vergonha entregou-se por completo.

Como amantes insaciáveis se amaram, se amaram e se amaram...

Ele a fazia sentir-se bela, jovem, feliz, encantada, amada...

As horas foram poucas naquela manha, mas suficientes para se tornarem inesquecíveis.

Ela sempre tivera uma fantasia, mas seu marido não concordava com "novidades", então se aproveitou daquele momento e pediu um pedaço de pudim, grande, com bastante calda.

Chegando o pudim, besuntou seu amado e lambeu-lhe por inteiro, cada pedacinho foi saboreado como sendo único, como sendo o finalzinho da lata.

Aquela manha ficou na história, tirou-a da rotina, relaxou seu dia, e seu amigo, agora intimo, trouxe-lhe de volta à vida, a alegria, mesmo que por alguns instantes.

Ainda hoje se encontram em festas, reuniões de amigos, trocam olhares, abraços apertados, sorrisos, mas não houve outro encontro como aquele.

Quando sente falta do seu doce amante, recorre à deliciosa calda do pudim...

*Conto baseado em situação vivida por uma amiga.

Andréa Lauterjung
Enviado por Andréa Lauterjung em 21/06/2007
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