Fez vibrar a alma de Joaninha o barulho na janela.
Finalmente a meiga menina conheceria Papai Noel.
 
Eufórica ela desejou correr e contar aos pais, porém não podia perder aquele momento mágico. A meia que escolheu tão carinhosamente, o sono substituído pela doce ansiedade, a emoção de ver Papai Noel lhe presenteando...
Coisa alguma merecia roubar sua atenção.
 
De repente, conseguindo abrir a janela daquele apartamento, no terceiro andar, surgiu um homem assustado demais, segurando uma camisa, usando uma bermuda azul, descalço.
Ele não trazia presentes, afastou a meia que caiu no chão.
A expressão de susto passou, começou a curtir um grande alívio. 
_ Oi, Papai Noel!
_ Oi, querida! Dessa vez eu me atrasei, esqueci o presente, mas pode ficar com esse pirulito que trago no bolso da minha camisa.
_ O que aconteceu? O senhor perdeu a hora de sair?
_ Exatamente! Como você adivinhou, garota esperta?
 
Pedindo silêncio o rapaz prometeu retornar outra vez e saiu, bem sutil, torcendo para não despertar os pais da garotinha.
Ele atravessou o quarto, corredor e a sala, lentamente abriu a porta, depois foi embora pisando em ovos.
Joaninha sorridente fechou a janela e logo deitou, podendo ainda sentir a incrível alegria de conhecer o bom velhinho.
Sendo sincera, o sujeito tão atrapalhado não combinava com o Papai Noel o qual ela imaginou, mas o importante era agradecer a ocasião.
Poucos baixinhos experimentam essa maravilhosa sensação, Joaninha sabia disso, portanto restava sonhar festejando a conquista.
 
* Na manhã seguinte, enquanto a empregada comentava a confusão que ocorreu no AP ao lado, culminando numa fuga inusitada e perigosa do Ricardão, Joaninha apareceu segurando um pirulito.
O pai indagou?
_ Quem te deu esse pirurito?
_ Foi Papai Noel, paizinho! 
Ele, a esposa, a mãe de Joaninha, e Rosa sorriram.
Após o café Joaninha recebeu uns três ou quatro presentes, porém o pirulito seguia firme com ela.
_ Não vai chupar, Joaninha?
_ Não, eu vou guardar até o próximo Natal, mãe.
_ Até o próximo Natal, filha? Que exagero é esse?
 
Joaninha passou a manhã conferindo os novos brinquedos sem deixar de segurar o pirulito muito especial.
 
* Num outro local alguém tentava convencer a esposa de que perdeu o sapato durante um assalto.
_ Hoje é assim, querida! A gente está trabalhando na noite de Natal, vem um safado e decide levar seu sapato.
O adúltero continuou:
_ Ate um pirulito que eu tinha no bolso ele levou.
_ Que loucura é essa? Por que ele quis o pirulito?
_ Talvez para dar à filha quando chegasse em casa. Se não tem o peru nem a vergonha na cara, um pirulito quebra o galho e pode até fazer a festa de uma garotinha.
 
Tola a esposa aceitou o papo furado do maridão.
O doce (a mentira) saboreou e sorriu bem inocente.
 
* À noite Joaninha não resistiu, provou o presente.
O doce (o pirulito) saboreou e sorriu bem inocente.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 25/01/2016
Reeditado em 26/01/2016
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