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ANTIGOS BADERNEIROS DA ESCOLA
 
                 Com os baderneiros na escola ninguém podia, nem a polícia conseguia contê-los. Desafiavam as autoridades. Alunos que desrespeitavam professores, funcionários, diretores e a eles próprios. Os policiais eram desacatados, mas não lhes davam o direito de prendê-los devido às leis brasileiras. Como disse um professor: “O Estatuto da Criança e do Adolescente é o maior criador de bandidos que existe no Brasil”. John, Pierre, Mary, Valdo e Adãozinho influenciavam todos os demais. Muitos começavam a fazer o mesmo. Gazeavam aulas e iam fumar maconhas e usar craques em algum canto do colégio.
                 

                    Os pais constantemente eram chamados, mas nada se resolvia. Numa reunião do Conselho foi decidido pela expulsão, mas esses maus elementos além de malandros conheciam os seus direitos. Não se sabe como, mas sabiam que a lei protege os estudantes, em detrimento aos profissionais da Educação.
               

               Num roubo de uma motocicleta deixaram a vítima desacordada com uma coronhada. Os elementos que praticaram o assalto: Jhon e Pierre. Uma viatura da Polícia Militar passava pelo local e puderam ver o ocorrido. Socorreram o rapaz e saíram no encalço dos bandidos. Encontraram os dois a alguns quarteirões dali, enquanto estes comemoravam o feito num bar. Houve troca de tiros. Jhon morreu a caminho do hospital. Pierre por conta de um balaço no tórax ficou paraplégico.
               

               Diante dos fatos lamentáveis, os demais do grupo de bagunceiros começaram a pensar melhor. Acordaram para a vida. Cada qual tomou um rumo diferente e as lembranças procuraram esquecer. Essas ficaram como sombras em suas vidas. Adãozinho conseguiu concluir os estudos. Não se interessou em fazer uma faculdade. Tornou-se um homem de bem, trabalhador e responsável. Mary depois do susto com a morte do amigo se dedicou aos estudos. Fez uma faculdade de Psicologia e tornou-se uma profissional muito bem sucedida.
              

                Passado quinze anos do ocorrido, a então direção da escola convidou um jovem para dar uma palestra sobre a Educação e o comportamento dos alunos. Os que lá estudavam no momento não conheciam o palestrante. Foram informados pelos professores que era um advogado muito bem sucedido e que teria muitas histórias lindas de superação para contar. Era para prestar atenção a cada detalhe.
               

                    No dia marcado chegou um jovem com a aparência de uns vinte seis a vinte oito anos. Trajava terno risca de giz e gravata. Simpático, cumprimentou a todos com um belo sorriso. Pegou o microfone e começou a falar:
               

               - Caros alunos, meu nome é Valdo... Ha quinze anos atrás eu estava sentado nessas carteiras igual a vocês. Aconteceram tantas coisas... perdi um amigo. Todos nós estávamos envolvidos com drogas e essa foi à causa da morte desse rapaz. O outro tomou um tiro no tórax e ficou paraplégico. Esse episódio nos levou a refletir que aquilo que estávamos fazendo era à maior tolice.  Inteligente todos nós somos. Mas a diferença está em sermos sábios e colocarmos a inteligência para funcionar. Meu antigo colega de classe Adãozinho deu uma virada de noventa graus na vida.  Hoje é um homem de bem. Minha amiga Mary formou-se em Psicologia e tem uma clínica própria...
                   

                Deu a palestra, contou dos episódios tristes e da mudança que houve na sua vida. Como conseguiu largar as malditas drogas. Esforçou-se, estudou, conseguiu trabalho e se tornou um homem de bem. Um advogado considerado um dos melhores da região.
               

                    A fala do Dr. Valdo mudou a forma de pensar de vários alunos naquele ano. O exemplo foi tão forte e comovente que muitos deles refletiram e tornaram-se em pessoas responsáveis.
 
(Christiano Nunes)