Ao me separar, precisei mudar para a zona norte da cidade.

            Tendo sido casada por dezoito anos e morando na zona sul, essa mudança trouxe comportamentos bem inesperados em meus filhos. Observei que estavam começando a gostar de matar aulas. 

     Comecei então, a ensinar-lhes violão em casa, ainda que não seja tão exímia em música, tanto quanto gosto das letras. Eram músicas simples com poucos acordes, para acompanhamentos. 

     Os amigos do condomínio mostraram interesse e em pouco tempo eram quinze crianças estudando música. 

     Um menino de treze anos que já tocava em seu grupo da igreja, interessou-se em ensinar teclado. 

     O amor à música levou meus filhos a aprender cavaquinho em casa, com um método de banca de jornal. 

     Em oito meses fizemos um grupo de pagode: sete amigos com idades entre 9 e 13 anos. Começaram em festas de famílias. Expandiram apresentações nos bares próximos. Eu os acompanhava sempre. 
     Hoje dois dos meus meus filhos são excelentes compositores, um deles músico e cantor, com músicas gravadas por cantores que estão nas paradas das rádios do Rio de Janeiro. 

     Muitas vezes participo das reuniões aqui em casa para novas composições, mas sem pretensão de autoria - acho que a vitória é deles.

          Vários dos amigos de infância acabaram tornando-se parceiros de composição, cantores ou músicos em diversos outros grupos de samba e pagode. 

     A música tem seu poder e as vezes a mudança para "o lado bom da força", é apenas questão de nós, como pais, criarmos as oportunidades. 
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 17/07/2016
Reeditado em 17/07/2016
Código do texto: T5700278
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