Corintiano Chato

“Paulo Batista era chamado de CC (corintiano chato), o apelido que a principio poderia magoá-lo, surtiu efeito contrário, pois Paulo reconhecia como um elogio ser chamado de Corintiano. Quando criança, Paulo sofreu um acidente que deixou seqüelas em sua vida que originou o apelido de “O Chato”, mais tarde, pela sua paixão pelo time do Parque São Jorge, ganhou um novo apelido se tornando CC. Paulo é um homem simples, risonho, e muitas vezes inconveniente em suas observações.

Toda vez que alguém encontrava CC o assunto dominante era futebol, especificamente falava sobre o Corinthians. CC nunca esquecia seu time do coração, por mais que tentasse era algo sempre presente em suas atitudes e palavras! CC era o que chamamos de um fanático torcedor, e sendo assim queria que todos também o fossem, pois já havia passado por tantas coisas ruim na vida, e o seu amor pelo Timão mantinha-o vivo.

De tanto falar do seu time, CC era visto como chato. Devido as suas brincadeiras e observações nada generosas, era evitado por muitas pessoas. No local de trabalho costumava pregar peças nos amigos.

Um certo dia foi surpreendido por um amigo de trabalho, que não gostando nada da brincadeira que CC lhe fizera, lançou-lhe um tijolo, que o deixou desacordado por alguns minutos. Assim, CC compreendeu, que suas brincadeiras não agradava a todos, que havia feito inimigos com suas atitudes. Nunca havia passado por sua cabeça isto, por que sempre davam risadas das suas brincadeiras, dessa vez foi o motivo de risada.

Um certo dia estava andando meio sem rumo quando avistou uma linda criança brincando num parque, se aproximou e sorriu para ela, conversaram por quase uma hora. CC aprendeu muito com as palavras que o garoto lhe transmitira, apertou a mão do garoto e voltou para casa.

Daquele dia em diante, CC passou a agir espontaneamente, aquela criança o ensinara que nem todos os sorrisos seriam retribuídos, mas que valia mesmo assim doá-los, que nem todos os comentários espontâneos seriam aceitos, mas que ele não poderia viver em função do que agrada aos outros, que nem sempre ele seria amado por quem ama, mas ainda assim ele deveria amar.

CC após o incidente desenvolveu um comportamento sábio, ele observa a grandeza das pessoas, das coisas, da natureza, não se prende a pequenos defeitos, pequenos problemas, ele sabe o que é ser diferente, aprendeu a valorizar a essência.

CC estava feliz, sabia que apesar de ser diferente, era ele mesmo, sem as máscaras que se adquire na adolescência e mantém durante a vida adulta. Ele sabia que o amor chegaria e seria verdadeiro, pois amar o belo e perfeito é muito fácil, mas amar o diferente é desafio, é prova de amor!

Assim vive CC, para alguns "chato", para outros, mais preparados, o homem que distribui sorrisos!

Texto do Projeto Revelando Escritores