A BALA PERDIDA!



  Ricardo, um empresário de 47 anos de idade, todos os dias antes de levar seus filhos ao colégio, sua esposa ao trabalho e após isso encaminhar-se para a sua empresa, faz sua rotineira e saudável caminhada nos arredores de sua rua.
  Embora ainda jovem este costume, na verdade este novo procedimento teve que ser adotado como propósito de saúde e de vida inclusive, depois de ter sofrido um enfarto que o deixou com sinais, hoje quase imperceptíveis, de mobilidade.
  Rapidamente ele adquiriu seu pronto restabelecimento e esta rotina não mais saiu de sua agenda diária.
  Numa destas manhãs típicas e congelantes de inverno, com o sol querendo se mostrar, quando passava por onde era de costume circular, Ricardo se depara com um homem em poucos trajes, sentado num banco da pracinha daquela rua. Aquele sujeito tinha feições comuns e aparentava uma idade bem maior do que realmente tinha, imaginou Ricardo, talvez por ser tão judiado por essa sua vida errante.
  Sem que aquele homem o dirigisse a palavra, sequer o olhar, Srº Ricardo não conta tempo se despe de seu bonito blusão e coloca em seus ombros, para que o aquecesse em meio aquele castigante frio.
  Tenta e insiste para que  o sujeito o acompanhasse até sua casa, pois chegando lá o prepararia um belo lanche e antes disso, um confortante banho quentinho, com roupas limpas e reforçadas.
  Mas, por razões que vieram á convencer o generoso empresário, Elias (
este era o nome daquele humilde homem), segue seu rumo incerto, trajado com o blusão do empresário, que não abriu mão de que ao menos levasse para si, aquela muda de roupa.
  O bom sujeito agradecido diz que, como era de coração, aceitaria de bom grado, mesmo porque quase estava virando um verdadeiro “picolé”, sentado naquele banco gelado e duro e nesta hora ambos esboçaram um sorriso!
  Com um justificado atraso, Ricardo volta para sua casa e relata á sua esposa e a seus filhos que já o esperavam; aquele triste fato.
  Não sabia explicar, mas o empresário percebe que os dias que se sucederam de certa forma não foram mais os mesmos e os problemas usuais e entediantes não o afetaram mais como antes... .
  Sete dias se passaram e antes do final do expediente, um bilhete chega misteriosamente ás mãos do senhor Ricardo, no que dizia o seguinte:

  -Meu bom amigo, que Deus te livre e guarde de todos os perigos para sempre.
  Por favor, vá até aquele mesmo banco, aquele onde me encontrou e onde demostrou toda a sua grandeza de caráter e de espírito, tirando-lhe suas vestes para me agasalhar, frente aquele terrível frio que se abatia, pegue algo que se encontra escondido embaixo dele, vai saber o que é, e o que fazer, quando lá chegar e assim o empresário fez! 
   E quando pegou um pacote, abriu e viu um volume considerável de dinheiro, no meio das cédulas, um 2º pequeno bilhete, ao qual estava impresso a seguinte frase:


  “Esse dinheiro é seu, estava em seu blusão e além dele havia uma ‘BALA PERDIDA’ no fundo do bolso.
  O dinheiro é seu e também sei que terás planos para este montante, mas meu amigo, o doce eu dei ao meu filho como presente de aniversário, hoje o pequeno Davi, completa 5 anos de idade, espero que um dia ele conheça o grande amigo que o papai ganhou de presente de Deus, assinado Elias, seu eterno e grato amigo”!


"Hoje Elias é motorista particular, o braço direito e sobre tudo, o maior amigo de Ricardo"!