ESPERTO, MAS NEM TANTO!

Carlos sempre morou em um lugar em que os crimes eram coisas raras, tinha boa educação, lazer e tudo aquilo que todos deviam ter no bairro onde moram. Mas a situação de Carlos piorara, o aluguel aumentou e o salário continuava o mesmo, não tinha jeito a mudança de endereço era inevitável.

Carlos foi morar na zona sul, ficava somente trinta minutos de sua antiga residência, mais tinha muitos problemas o seu bairro novo. Era um bairro em que a criminalidade era alta, havia muitos assaltos, traficantes e drogados.

O que nunca tinha acontecido com ele até este dia, aconteceu, foi roubado, furtaram-lhe o seu carro enquanto foi pegar a sua pasta que tinha esquecido dentro de casa. Ao sair viu a surpresa, o carro estava virando a esquina, foi-se para o Paraguai, pensou só.

Agora só restava-lhe pegar ônibus todos os dias até que conseguisse novamente comprar outro carro, pois a polícia avisou que somente um milagre poderia trazer o seu carro novamente. Voltando ao ônibus, ele teria que pegar ônibus para ir ao trabalho e mais outro ônibus para voltar.

Não que o ponto de ônibus ficasse longe de sua casa, que é travessa de uma rua que atravessa uma avenida, pelo que me foi explicado é isso mesmo. Lá seria o local para tomar o ônibus com destino Praça da Bandeira que o deixaria na avenida Nove de Julho e depois de andar pegaria um outro ônibus para a Vila Mariana, onde ficava o escritório de contabilidade em que trabalhava. Para voltar para casa a mesma coisa.

Agora ele percebia que a vida começou a ficar difícil, pois teria que chegar mais tarde em casa devido a faculdade que estava terminando o seu curso de Ciências Contábeis como quiseram os seus finados pais.

A falta do carro, a mudança de endereço, sem os pais. O risco de ser assaltado agora era muito alto, mas tivera uma fantástica idéia para evitar de ser assaltado, quando fossem lhe roubar, falaria que era chegado do Tatuí, um bandido do pedaço que apareceu o nome dele no jornal na parte policial, sendo procurado por latrocínio.

Voltou para casa, após sair da faculdade e pronto encostaram ele na parede daquele modo tão comum nos dias atuais:

- Você tem fogo? Perguntaram para Carlos que então colocou a mão no bolso como se procurasse um isqueiro e respondeu:

- Não fumo. Os sujeitos que pediam fogo revelaram-se assaltantes, como se isto seria novidade para quem está lendo (afinal a violência é nossa vizinha), queriam todo o seu dinheiro. Carlos então falou que se o roubassem iria contar ao Tatuí, que sem demora ia atrás deles e iriam mata-los. Os dois sujeitos que antes mal encarados agora pareciam ser velhos amigos de Carlos. Arrumaram-lhe a roupa que tinha amassado, pediram desculpas à moda deles e foram embora sem lhe levar nada. Carlos feliz da vida foi para casa dormir.

Na outra semana aconteceu novamente:

- Ei amigo! Tem um cigarro, aí?

- Não fumo, não!.

- Bem então me dá um real para comprar uns caretas?

- Nem tenho dinheiro comigo!

- Bem então vou levar sua carteira. Disse o bandido já com uma arma na mão.

- Tá certo se quiser me roubar, mas o Tatuí vai atras de você, ele é meu camarada.

- Impossível, o Tatuí é seu camarada?

- Isso mesmo, livrei a cara dele quando ele estava preso, ajudei ele e me deve uma.

- Mas eu nem me lembro de ti, eu sou o Tatuí.

- Você esqueceu de mim...

- Chega de papo! Tatuí deu dois tiros no Carlos, que caiu morto. Tatuí ainda apanhou o seu relógio, carteira e anéis.

- No jornal do outro dia. “Aumenta casos de latrocínios na zona sul”.