INFÂNCIA

A mãe e o menino brincavam tarde da noite pelo quintal de terra batida. Corriam em volta da árvore e saiam em disparada pelo corredor para ver quem entrava primeiro em casa. O pai trabalhava o dia inteiro e estudava a noite. Só chegava da escola bem mais tarde.

Por ver o pai entre livros aprendeu a ler com apenas quatro anos de idade e assim fez com os filhos depois, que aprenderam a ler antes de entrar na escola.

Os pais sempre foram unidos. A família do menino estava sempre junta e assim é com a família dele também, mulher e filhos. Se um vai a algum lugar, vai todo mundo, mas se um não for não vai ninguém.

A cada ano que passa mais ele pensa no que ficou lá atrás. Tiraram a árvore e cimentaram o quintal. Se fosse hoje tudo ficaria como estava, chão de terra batida e árvore para correr ao redor, subir e rir.

Corpo de gente grande, espírito de criança. As músicas que canta são as mesmas que ouvia na infância. Trabalha para poder brincar e na maioria das vezes quando brinca está trabalhando.

Está sempre junto às crianças e sem perceber ou percebendo, mas fingindo não saber, torna-se um deles ao voltar ao que nunca deixou de ser.

Marcelo Monthesi
Enviado por Marcelo Monthesi em 25/04/2019
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