D om i n g o

Achava domingo um dia meio chato. Sempre achou. Lembrou uma música que também achava um porre e dizia num verso: "O que é que eu vou fazer domingo à tarde?" Mas domingo era domingo sempre foi e priu. Os de hoje, achava,eram ainda ias chatos que os de ontem.

Relembrava os da década de 70, escolheu aleatoriamente a década, na verdade vivia confundindo aa décadas. Logo de manhã as pessoas se preparavam para ir assistir à missa do domingo. Era obrigatório. Mas ele não ia, não era católico e nem professa nenhuma religião. Ficava em casa até as dez da manhã ouvindo num Transglobe Philco à Rádio Bandeirantes de Sampa e a Globo do Rio. Depois de tomar um café com cuscuz e tapioca, saía para assistir ao campeonato de peladas no campinho do Colégio Cristo Rei. Era até animado, quase todos os joadores pernas de pau, mas havia cachaça, cerveja e frutas para tira-gosto. Fica ali rino e bebendo. Um barato. Quando dava uma hora da tarde voltava para casa para almoçar com a família, sempre acrescentada de agregados e o cardápio de duas, ma: ou feijoada u cozido, mas às vezes era macarronada acompanhada tambem de cachaça e cerveja e kisuco para a garotada. Enquanto comiam o r´dio ficava ligadfo na emissora local, no Programa Domingo Musical Peixe, sempre músicas orquestrada de Glenn, Miller, Frank Purcell, Ray Coniff, Billy Vaugh e Orquestra Tabajara. Deoois tomavam um cafezinho esperto e um cálice de licor de jenipapo, aí dava a fraqueza e depois que as visitas saíam sentavam nas poltronas e divãs e alguns cochilavam, mas igavam a tevê que ficava chuviscando, diziam "quando margeia anao soneia e quando soneia não margeia. Era preto e branco e a imagem e som não eram perfeitos. G=Ficava ligada, claro, no Programa Sílvio Santos. Era unanimidade esse programa. Detalhe: s[o pegava um canal. Esse cara preferia sepois da soneca ler revista e ouvir fita cassete de música. Se houvesse jogo noestádio da cidade ele ia às quatro da tarde. Se não, ficava lendo, fazendo palavras cruzadas ou remexendo nos guardados. à noitinha jantavam as sobras do almoço,a família continuava ligada no programa de Sílvio Santos, e ele botava uma cadeira na porta de casae ficva conversando com os passantes. Quando dava a hora de dormir ele entrava, a tevê já fora desligada. Então ele ia para a cama, se a mulher estivesse sem os bobs na cabeça aí havia a festinha domingueira, mas se ela estivesse de bobs era sinal que nao haveria a festa, aí se ele tivesse imaginando ou necessitando da festinha o jeito era se virar solitariamente pensando numa musa qualquer ou aestrela do cinema. Ah, Domingo. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/07/2019
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