A VERDADE COMO ÁLIBI
Estamos em um momento em que a verdade ficou tão relativa quanto o próprio universo secou como fonte de espiritualidade e acabou por envelhecer. Idosa tornar-se um álibi para convicções dos homens, para um crime.
E que crime seria esse? Talvez o crime de viver de acordo com o que é melhor para mim? A única força possível é a minha convicção e como coloco ela em prática, obra do narcisismo, não existe o coletivo, o mundo hoje é fruto do eu.
É possível hoje ter uma vida sem sentido algum, dedicada apenas a satisfação dos prazeres, assim como é possível não amar a pessoa amada, ou amar apenas quando é conveniente?
Então, aqui temos duas vitórias da “pseudoverdade”, se é que essa palavra existe, uma vitória sobre a amizade e a outra sobre a religiosidade.
Construímos o nosso universo de falsos amigos, até choramos ao seu lado, convivemos, somos capazes de servir uma limonada, de ir a um enterro, de escutar o seu sofrimento, mas, o que ele não sabe é que o meu sofrimento é sempre maior, antes dele acabar a história dele tenho a minha para contar, atravesso as palavras não deixando que termine, eu sou mais importante, (uffa!) amizade tornou-se obsoleta, não temos mais tempo para os amigos, eles devem estar ali quando precisamos deles, nada mais.
A religiosidade, espiritualidade, essa morreu, passou a ser uma forma de viajar, cantar e se sentir bem, minha relação com o outro não implica na religiosidade, porque o que importa é a comunhão com Deus que me ama, e que me dará uma vida melhor que essa, mesmo que eu torne a vida de alguns dos meus semelhantes ou nem tão semelhantes assim, bem difícil.
E porque a verdade virou álibi para o “eu”?
Então o que o pensador fala: “As convicções são as inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” Friedrich Nietzsche.
Vivemos a verdade como o hábito das convicções, maligna ou benigna, direita ou esquerda, certo ou errado, tudo cai diante da verdade como convicção, é absoluta, diante do meu referencial, da minha convicção, que a luz do tempo pode parecer uma bobagem, me encontro em outra verdade que não vale três centavos.
O humano cientista se vendeu para o mercado, agora a ciência busca algo que dê lucros, capitalista que quebrou o muro de Berlim, ou ainda o socialista que quer dividir com o pobre o que tem (esse eu nunca encontrei), o que acredita na justiça social, ou ainda o que chama pela pátria contra os comunistas.