Morangos à beira do abismo

Estava pessimista, saba que era apenas um velho cansado e sem nenhuma influência, um anônimo, mas amava seu país e sentia que ele estava em transe,completamente atordoado, sem norte, envolvido em polêmicas ridículas e, pior, numa determinação fria e cruel de prejudicar os avanços sociais e o os mais pobres. E o que achava pior, a maioria do povo estava alienada. Mas, mesmo assim, esse homem ainda nutria um pouquinho de esperança.

Nesses últimos tempos, todos os dias lia um trecho de uma crõnica do saudoso professor Rubem Alves que decerta frma aplavacva um pouco suas aflições:

"Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperanaça é o oposto do otimismo. O otimismo é quando sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era a esperança. São suas as palavras: 'E nomeio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um virão invencível'. Otimismo é alegria 'por causa de', coisa humana, natural. Esperança é alegria 'a despeito de', coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas ele morre. A esperança se contenta com pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje é tudo que temos, morangos à beira do abismo, alegrias sem razões, a possibilidade da esperança".

E arrematava com seus botões: Que Jesus e Deus protejam o nosso país. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/10/2019
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