Encanto e Quebranto

Era um sujeito que contava com entusiasmo as suas lembranças da infância e da adolescência. Seus olhos brilhavam quando narrava principalmente as aventuras de menino. Falava da selva de Tarzan, no oeste dos caubóis e no Maracanã de Zizinho. Eram as aventuras vividas no quintal na casa de seu pai. É claro que nessas aventuras havia as musas, suas primeiras namoradinhas. Esse quintal fora seu mundo. epois cresceu e foi fazer a vida no sul do país. Passou muito tempo fora. Quando voltou já não havia ninguém da família na terrinha, até a casa paterna fora vendida e reformada. Restava apenas as lembranças. Era nelas que se refugiava, mas aí, olha o danado do aí, ele corta o barato das pessoas.

Sim, aí o cara resolveu fazer uma visita a sua terra e claro, tentar rever a casa paterna, mesmo reformada, Foi, por incrível que pareça, não haviam mexido no quintal. Com o coração dançando timbalada ele foi ver o seu mundinho da infância. E teve uma baita decepção: não havia a selva de Tarzan, nem o o oeste dos caubóis e nem o Maracanã de Zizinho.... Era apenas um murinho acanhado na visão de um adulta cheios de expectativas. Ficou triste também quando reviu as musas, envelhecidas. Não se tocou que não era mais Tarzan, nem caubói e nem Zizinho. Foi embora decepcionado e estressado.

Só depois, muito depois, é que conseguiu compreender que as lembranças são de momentos, aquilo de antes era visto com olhos de menino, da fantasia da meninice. Lembranças que sempre existirão orque viraram sentimento. Riu e lembrou algo que disse Garcia Márquez:

"A vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda". Bingo. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/11/2019
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