Mentira maior

Sentado à mesa, notebook à espera, sempre às ordens, tencionava enviar um e-mail para o seu chefe alegando problema de última hora. E, evidentemente, não poderia ir trabalhar.

   Seria o seu primeiro contato com o seu superior, estando apenas há 6 meses na empresa.

   Quando começou a teclar, a digitar, ficou em dúvida sobre que desculpa  convincente iria dar ao seu patrão.

   Indeciso, logo observou que mentir dava trabalho. Sim, o que ele queria era obedecer, rigorosamente, a um sonho que tivera.

   Supersticioso, sonhara que, se matasse o serviço naquele dia, e de propósito, seria promovido. Sonho ou pesadelo? Para ele, um maravilhoso sonho.

   Inventou como desculpa uma forte dor de cabeça. Desligou o computador e foi cuidar da vida. Saiu de casa sem dizer aonde iria.

   Quando voltou ao trabalho, recebido com indiferença pelos colegas, notou que algo estranho estava acontecendo. Aquelas caras irradiavam espanto, desdém, coisa do gênero.

   E foi de um dos colegas que ele recebeu a notícia que jamais esperava ouvir. Zeferino, o mais antigo funcionário da casa, foi logo dizendo: "o nosso chefe manda lhe informar que o senhor está despedido. O patrão acrescenta que tinha que fazer isso hoje, impreterivelmente, porque havia sonhado que, se fizesse isso,  seria contratado por uma grande empresa multinacional. E que teria ganhos bilionários.

    O demitido, chorando, dizia: quando é que eu fui pensar que o meu chefe seria mais mentiroso do que eu?