Mas quem é o pai

Tem coisas que acontecem e só poderiam ser tiradas de piadas de bar. Daquela que o cara leva meia hora para contar, aumenta os fatos e diz que tem testemunhas, lembram historias de pescadores. Por que não dá para acreditar que isto tenha acontecido. Ainda mais no seio de uma família tradicionalmente religiosa. Pois é, mas segundo outros companheiros de copo, é verdade.

Um casal namorava há algum tempo. Cláudia era uma moça educada, prendada, estudiosa, como se diz em muitas regiões do país, certa para casar. Sair de casa, só com autorização dos pais. Todo sábado à noite antes de qualquer compromisso, ir a missa era sagrado. Sempre com o jovem casal, a mãe da menina. Ela não desgrudava o olho da filha, para que não “caísse na boca do povo” e sempre acompanhava atentamente os passos da filha.

Vitor, o namorado, era uma pessoa séria, de família, respeitador, trabalhava, estudava. Um bom partido. Os atributos do jovem casal, deixavam os pais seguros, será uma bela união. E tudo corria conforme a confiança era adquirida.

Sair com o namorado à noite para um baile, só com o irmão mais velho junto, segurando vela. Ainda assim com restrições, podem sair, mas devem chegar juntos em casa. Só que coitada de dona Andréa (mãe), não sabia, colocou a raposa para cuidar do galinheiro. Pedro o irmão mais velho topou, afinal eram todos parceiros. E saíram cada qual em seu carro, para o baile. Ao dobrarem a esquina, Pedro parou seu carro, desceu, foi falar com sua irmã e com seu futuro cunhado.

- Pessoal é o seguinte, vou à casa da namorada, os pais dela foram viajar e nós vamos ficar por lá. De uma risada e continuou, - Vocês dois escutaram o que a mãe disse, devemos chegar juntos, então, às cinco da manhã nos encontramos aqui, quem chegar primeiro espera. Olhou para sua irmã e disse, - Divirtam se e usem camisinha. Virou as costas entrou no carro e sumiu.

Vitor e Cláudia não se surpreenderam, sabiam que Pedro não iria segurar vela. Mesmo assim decidiram ir ao baile. Porém, até às duas da manhã. Depois desta hora, há quem creia que eles com medo, foram esperar Pedro na esquina combinada ou será que foram namorar, bom, isto é com eles.

E por algum tempo a coisa funcionou muito bem. Contudo, numa noite dessas, Vitor e Cláudia esqueceram algum detalhe importante. Quem confidenciou isto foi o Doutor, Valdir – Então, parabéns, vocês vão ter um bebê.

Pronto, o casamento que estava sendo estudado para daqui uns tempos, precisou de uma acelerada, afinal, ela era uma moça de família.

E como contar isto, de um modo que não causasse mal a relação entre o jovem casal e os pais da menina.

Já era fato que Pedro não os esperava às cinco da manhã na esquina, há tempo. O namoro tinha cinco anos, era casório certo. Entretanto, o tempo agora tinha pressa. Em um sábado, decidiram contar aos pais de Cláudia que iriam casar. Estes já esperavam ansiosos o pedido formal.

Na hora marcada os pais viam tevê quarto. Cláudia e Vitor passaram por Pedro, que escovava os dentes, este, ao ver os dois chegando para encarar as feras, sentou e desatou a rir. Vitor bateu com a mão na cabeça e sorriu amarelo.

Entraram no quarto e Vitor começou, - Olá boa noite, seo Valdemar dona Andréa é o seguinte - dava para sentir de longe a voz tremula do futuro pai, ele continuou, - os senhores sabem vamos nos casar, porém, aconteceu algo inesperado, Cláudia está grávida. Sem que Vitor pudesse terminar a frase, seo Valdemar disse sem tirar os olhos da tevê, - mas quem é o pai?

Ao escutar isto, ainda no banheiro, Pedro solta uma gargalhada de acordar quem estivesse a quilômetros do quarto.

Vitor bate com a mão na cabeça. Esperava um sermão, amarelo conclui olhando para a futura esposa e mais leve diz, - bom, espero que seja meu.

O escritor do lago

Paulo Cesar Santos
Enviado por Paulo Cesar Santos em 18/11/2019
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