O HOMEM CACHORRO

O Sr. Pacífico Cordeiro Silva Dias, talvez por influência do nome, suportava quase tudo. Desaforo do chefe, calote de cunhado, risco no carro, vidros quebrados pela bola da meninada jogando futebol na rua ou por alguma estilingada errando o alvo.

Casado, já há alguns quinquênios, com a Dona Perpétua Graciosa Matos Silva Dias, eram dos mais antigos moradores do bairro.

O casal raramente discutia e quando pequenas questiúnculas os levavam a sentarem-se em sofás diferentes, no horário de assistir à TV, ao levantarem-se para dormir já haviam esquecido do motivo da discórdia.

Para eles, a união matrimonial deveria ser eterna. Perpétua e pacífica, como seus nomes. Acreditavam piamente no preceito “O que Deus uniu, o homem não separe”. Fizeram o juramento na cerimônia de casamento e foram abençoados pelo jovem Padre Paschoal dos Anjos Santinho Filho.

Cabe breve e necessária explicação.

O pai do Padre Santinho era o Sr. Natalício dos Anjos. Natalício porque nascera no dia de Natal, nome pelo qual era mais conhecido.

O Padre Santinho recebera ao nascer, confirmado na pia batismal, o nome de Paschoal. Por essas coincidências do destino, nascera no domingo de Páscoa. Ao tornar-se padre, acrescentou para fins eclesiásticos o nome de “Santinho Filho” em homenagem a sua mãe, Dona Santa Predileta dos Mil-Homens. Carinhosamente, para os mais íntimos, Dona Santinha.

Dona Santinha separou-se do Sr. Natal. Para não sofrer com os preconceitos de “mulher separada” e evitar constrangimentos ao filho, mudou-se do bairro e pouco se sabia dela. Os que sabiam, diziam que era melhor não saber.

II

Consequência dos “protocolos” exigíveis pela Pandemia, o Sr. Pacífico começou a chegar bem mais tarde que o costumeiro horário.

Línguas venenosas, sedentas de inveja da tranquila vida conjugal do casal, não perderam a oportunidade para disparar despautérios nos ouvidos de Dona Perpétua. Não acostumada com as insinuações, atormentou-se a elucubrar ideias disparatadas.

Dona Perpétua convenceu-se que o Sr. Pacífico, apesar de ser do “grupo de risco” suscetível ao Covid19, não se prostrou em quarentena e isolamento. Alegando necessária sua presença na empresa, manteve sua rotina. Talvez, estivesse, como insinuavam, em isolamento com alguma jovem “quarentona”.

Dona Perpétua, inconformada, articulou a mais simplória das vinganças. Trocou a fechadura da porta da sala e o cadeado do portão.

Ao chegar em casa, o Sr. Pacífico estranhou não conseguisse abrir o portão. Conferiu se não estava com o chaveiro errado.

Tocou a campainha.

Dona Perpétua apareceu na janela e, sem mais palavras, gritou que ele fosse para a casa da quarentona.

Sr. Pacífico, passados alguns instantes de sincera estupefação, indagou de onde ela tirara aquela ideia.

Lamuriosa, Dona Perpétua justificou-se que estava “cansada” dele chegar tarde. Ele a estava trocando por alguma “quarentoninha oportunista”.

Expressão desacorçoada, o Sr. Pacífico argumentou não houvesse nenhuma quarentona. Começou a explicitar, detalhadamente, a rotina nova da empresa.

Seu patrão, Sr. Urano Saturnino, cumpria todos os protocolos indicados à prevenção ao vírus terrível. Infectado pelo pânico coletivo daqueles tempos das Mil Mortes diárias, Sr. Saturnino exigia que todos os “colaboradores” da empresa, ao chegarem, passassem pela câmara de higienização e trocassem a roupa pelo novo uniforme da empresa, igualmente higienizado. Repetia-se o ritual no horário da saída. Em virtude da morosidade de alguns “colaboradores”, formavam-se filas para fazerem todo o procedimento sanitário.

Por isso os atrasos.

Dona Perpétua não se convenceu e contradisse o Sr. Pacífico. A discussão instalou-se e o tom das vozes do casal subiu como nunca ocorrera.

III

A vizinhança ociosa, e ansiosa, pelo isolamento, interrompeu a falta do que fazer vespertino. Brotaram nas janelas. Um olho na TV, outro no casal Silva Dias.

Quem quebrava um pouco o isolamento, levando os cachorros para o passeio e necessidades, parou, segurou firme as guias, ajeitou a máscara. Formou-se inevitável aglomeração. Olhos e ouvidos aguçavam-se.

À semelhança das arenas de touradas, num instante dividiram-se em torcedores do toureiro e defensores do touro, no aguardo do desenrolar da inexorável ampliação do “barraco”. Iniciou-se a guerra de argumentos inócuos e repetitivos, típicos nessas ocorrências.

Os defensores do Sr. Pacífico garantiam: “O Pacífico não é dessas coisas!”, “É Fogo Morto”. “Fogo Morto coisa nenhuma”, rebatiam os adeptos de Dona Perpétua.

Dona Maria Campos dos Prazeres, que já estava na terceira “União Instável”, e diziam alguns, maldosamente, sempre a caminho do quarto, incendiou as argumentações com a clássica palavra de ordem: “Homem é tudo igual”

Dona Felicidade, esposa do Sr. Siqueira Pinto, complementou: “É só a mulher dar sopa, que parece fila do “Bom Prato””.

O Sr. José Coelho Aquino Coutinho, pai de oito filhos, viúvo e atual namorado de Dona Generosa (Rosinha) Dores da Purificação, lançou flechas com o olhar.

Consequência da distração, os “Doggie-Walkers” tentavam desenroscar a confusão das guias.

Latidos estridentes começavam.

Ouviram-se alguns assovios característicos à passagem de mulheres bonitas.

A Srta. Corina Virgínia Divina Aranha do Rego Penteado apareceu na esquina.

Vivi era filha de Dona Deolinda Aranha e do Sr. Milto Mates do Rego Penteado chegava. Toda vaporosa. Vestia uma bermudinha branca de lycra apertadíssima. A camiseta curta deixava à mostra o piercing no umbigo. Fazia tipo “Mulher procissão”. Essas que quando passam, os homens vão atrás. Nem parecia irmã gêmea de Lilian Therezinha Benvinda Aranha do Rego Penteado a sempre discreta Lily.

Acompanhada de seu par de cachorrinhos que onde estivessem, denunciavam sua presença.

Lanchinho, o Chihuahua, bastava ver, ou não, uma sombra ou assemelhado movendo-se, ou não, para iniciar, em qualquer hora, insuportável sinfonia desafinada e sem fim.

Merenda, a Yorkshire, igualmente incansável, fazia a segunda voz.

Vivi orgulhava-se de ambos terem pedigree registrado.

Distante de ser um templo de virtudes, falou com seu modo histriônico: “O Sr. Pacífico parece bonzinho, mas não pode ver uma calipígia, que se assanha todo. Eu me sinto incomodada com seu olhar”.

IV

Sr. Pacífico, que até então só dirigira palavras para Dona Perpétua, vociferou em direção a Vivi: “Olhe aqui, mocinha! Meça a sua língua! Sou amigo de seus pais e nunca a desrespeitei.”

Vivi, à falta de argumentos, deu de ombros.

Sr. Pacífico, já irritado pela discussão com Perpétua, diante das palavras e atitude da Vivi e dos insuportáveis latidos, explodiu, quando Lanchinho, além de latir e rosnar para ele, tomou sua perna por um poste.

Sr. Pacífico, surpreendentemente, começou a latir e avançou sobre Lanchinho que, assustado, buscou proteção, enroscando-se nas pernas de Vivi, onde já se abrigara Merenda, que rosnava temerosa.

Vivi, assustada, agachou-se para apanhar os cães, ficando de costas para o Sr. Pacífico que, inesperadamente, deu-lhe uma mordida nas nádegas.

Vivi pôs-se a gritar, enquanto Merenda, Lanchinho e o Sr. Pacífico trocavam latidos.

Sim!

O Sr. Pacífico, ensandecido, latia e ameaçava avançar contra a dupla de “Canis lupus familiares”, no colo de Vivi.

Dona Perpétua, em atitude característica da mulheres da família Silva Dias, tomou as dores do cônjuge e munida de uma vassoura, saiu de casa e partiu na direção de Vivi, atingindo-lhe a nádega mordida.

O cães latiam, tresloucados. O Sr. Pacífico, fora de si ou tomado por alguma incorporação, igualmente, latia e uivava.

A plateia, esquecendo-se dos protocolos, delirava, gritava, dividida entre palavras de incentivo ou indignadas ofensas ao Sr. Pacífico e Dona Perpétua.

‘V

O som da sirene da Polícia Militar anunciou sua chegada, piscando o giroflex.

A presença da viatura fez parte da torcida sair “à francesa” e algumas janelas fecharem-se.

Sargento Peralta, no comando da operação, tentou entender a situação: “Cidadãos! O que está acontecendo? Por que não estão em casa?”

O jovem Rolando Caio da Ponte, adepto de uma confusão, não perdeu a oportunidade de fazer gracinha: “O Sr. Pacífico mordeu a bunda da Vivi e furou o silicone.”

Cabo Kanela esforçou-se para conter o riso.

Ninguém levava à sério o Rolando.

Por distração do Escrevente, fora registrado “Rolão do Caio”. Por longos anos vítima de bulying e piadinhas, até ter seu nome retificado para o correto”.

Talvez o erro do escrevente tenha alterado seu Mapa Astral. Era o oposto à seriedade de seus pais – Sr. Armando Guerra e Dona Maria da Paz.

Breve instante de silêncio e o Sargento Peralta retomou a Inquisição:

“Vou perguntar pela última vez, positivo?”... “O que está acontecendo?”

Plateia olhando o céu como brincassem de “Vaca Amarela”.

Vivi interveio: “É verdade! O Sr. Pacífico mordeu minhas nádegas”. Colocou os cachorrinhos no chão e perguntou aos PMs: “Os senhores querem ver? Não tem silicone”.

Cabo Kanela agradeceu “Positivo, jovem! Por enquanto, não é necessário! Se for preciso, o Dr. Delegado encaminhará a senhorita ao Instituto Médico Legal, onde será executado o Exame de Corpo de Delito”.

Sargento Peralta, de paciência curta, levantou a foz, com firmeza: “Quem é o Pacífico?”

O Sr. Pacífico, latindo e uivando, não se identificou.

Vivi apontou para o Sr. Pacífico que latia, provocando Lanchinho e Merenda.

Sargento Peralta trocou palavras com o Cabo Kanela e ordenou:

“Todo mundo na viatura! Se resistir, colocamos pulseirinha.”

Parte do que restara da plateia vibrou como se fosse o gol da vitória aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.

Alguns, entretanto, cruzavam olhares, penalizados ao verem o respeitável Sr. Pacífico sendo colocado à força e trancado no camburão.

O Sr. Pacífico latiu e rosnou, tentando morder a dupla de Policiais.

Rolando Caio, e suas insuportáveis gracinhas, disse que se precisassem de focinheira ele poderia emprestar.

O Cabo Kanela, pondo ordem na casa: “Cidadão! Se abrir a boca mais uma vez, vai ver quem irá de focinheira pro DP”.

Sentindo o cheiro da carne queimada, Rolando deu um “pinote” e saiu da cena.

Na viatura, o Sr. Pacífico latia e rosnava em direção da Vivi. Merenda e Lanchinho dividiam o colo da calipígia e, assustados, tremiam rosnando.

O Sr. Coelho, rapidinho, foi até sua casa e voltou com seu carro. Ele e o Sr. Siqueira Pinto, solidários, acompanharam Dona Perpétua até a Delegacia.

VI

Passava da meia-noite, quando o Delegado, Dr. Décio Jesus da Cruz, saiu de sua sala e puderam ouvir o Escrivão, Sr. Bicudo Sá Pato, lendo o final do B.O.:

“...que nesta data, compareceram a esta Unidade, conduzidos pelos PMs Cabo Kanela e Sargento Peralta; que apresentaram os investigados ao Delegado, Dr. Cruz; que o investigado, Sr. Pacífico Cordeiro Silva Dias latia sem parar; que a vítima foi retro identificada; que as demais indigitadas testemunhas...”

O Sr. Coelho, assustado, não entendia nada do que acontecia, nem dos termos pronunciados. O Sr. Pinto, percebendo a ignorância jurídica do Sr. Coelho, disse que entraria com o HC (*Habeas Corpus), caso prendessem o Sr. Pacífico.

Sr. Coelho balançava a cabeça, ora negaceando, ora concordando, sem entender o palavrório.

O Sr. Pinto, para justificar o saber, disse que cursara a Faculdade de Ciências Jurídicas, mas abandonara os estudos acadêmicos por problemas financeiros.

Encerrados os trâmites do Boletim de Ocorrência, o Sr. Bicudo pediu ao Sr. Pacífico que assinasse o termo, estendendo-lhe a caneta. O Sr. Pacífico rosnou, latiu e.... mordeu a mão do Sr. Bicudo.

Sr. Bicudo, inconformado, disparou ao lavabo para lavar as mãos e desinfetar os braços. Ao voltar, queria algemar e colocar o Sr. Pacífico numa cela. Somente não o fez, graças ao bom senso e experiência do Dr. Cruz.

Diante da insólita situação, dos bons antecedentes e residência fixa do vetusto Sr. Pacífico, já quase sem voz de tanto latir, Dr. Cruz ignorou os protocolos e as máscaras, chamou Dona Perpétua em particular. Cochichou ao seu ouvido, indagando se o maridão não tinha surtos psicóticos, usava remédios tarja preta ou fumava um baseado. Se fosse necessário, poderia conversar com o Dr. Salvador das Dores. Era homeopata e preparava fórmulas que curavam diversas doenças.

Dona Perpétua garantiu que não a todas perguntas.

Apesar da nítida insatisfação dos Policiais Militares e do Escrivão, Dr. Cruz não encaminhou o Sr. Pacífico ao Juiz de Custódia. Contribuiu para a decisão os insuportáveis latidos do investigado. Sabe-se lá que horas seria marcada a audiência e teriam que suportar os latidos.

Vivi insistia em fazer a denúncia da mordida na Delegacia de Defesa da Mulher. A DDM não atendia Vinte e Quatro horas. No mínimo, teriam aquela barulheira até as oito da manhã.

Lanchinho e Merenda latiam e rosnavam para o Sr. Bicudo, para policiais civis, e militares para o extintor de incêndio e qualquer coisa que se mexesse, ou não. Só paravam um pouco quando Vivi os colocava no colo e acariciava.

Dr. Cruz, ignorando todos os procedimentos legais e pressionado pela necessidade de atendimento às outras ocorrências que aguardavam, tentou dissuadir Vivi da denúncia, mas para desespero geral, ela decidiu ficar.

Havia dois acidentes de trânsito sem vítimas, três portes de drogas e um furto de automóvel na fila.

“O que não tem jeito, ajeitado está!” conformava-se o Dr. Cruz. Para adiantar o expediente, ligou para o grupo de What-Zap dos peritos, relatando o caso, da parte do corpo lesionada e da necessidade do Corpus-delicti.

Surpreendentemente, todos os peritos prontificaram-se a comparecer, de imediato, ao Instituto Médico Legal.

VII

Cismado que alguma coisa estava errada, Dr. Cruz ofereceu um ossinho, arriscou um carinho ao Sr. Pacífico, atraindo-o para sua sala.

Às sós, perguntou ao cachorro - Sr. Pacífico - por que latia tanto? O que era preciso fazer para que parasse com aquela atitude?

Sr. Pacífico, com um olhar triste, parou de latir e lambeu o Dr. Cruz: “Segredo entre nós dois? Nenhuma palavra para ninguém?”

Dr. Cruz, sem saída e sem cruzar os dedos, concordou.

Fizeram juramento de escoteiro.

Sr. Pacífico, com sinceridade e seriedade, falou:

“Quero deitar no colo daquela mocinha e ela fazer carinho na minha cabeça um dia inteirinho”.

Dr. Cruz pulou da cadeira: “O senhor endoidou mesmo. Por que deseja fazer isso?” Abriu a gaveta e pegou a papelada para mandar fazer a “Ordem de Prisão” e encaminhar para “Avaliação Psicológica.

O Sr. Pacífico sorriu: “Calma, doutor! Apenas uma pequena vingança!”

Dr. Cruz, não disse nada. Transpirava curiosidade e desconfiança.

O Sr. Pacífico explicou, com jeito de quem quebrou o vaso de cristal: “Doutor, levanto antes do Sol nascer, trabalho dez horas por dia, faço serões, trago serviço para casa. Com a Pandemia, tenho feito serviço dos colegas em Home-Office madrugada a dentro e aqueles cachorrinhos latindo o tempo todo.”.

Dr. Cruz acariciou a cabeça do Sr. Pacífico, que prosseguiu, mais tranquilo:

“Hoje cheguei exausto, aquela confusão no portão, e ouço essa mocinha, na frente da Perpétua, dizer que fico olhando pro traseiro dela. Cansei.”

Dr. Cruz indagando com os olhos.

Sr. Pacífico finalizou: “O doutor conhece aquele ditado: se você não pode vencer o inimigo, una-se a ele?”

Dr. Cruz assentiu.

Sr. Pacífico: “Agora eu não vou parar mais de latir.” Lambeu a mão do Dr. Cruz, que correu para lavar as mãos.

Ao retornar, viu o Sr. Pacífico quietinho no canto... Amuado.

Pensou alguns segundos e gritou ao Sr. Bicudo: “Por gentileza, rasgue o BO do Sr. Pacífico e prepare um para a Srta. Corina Virgínia por Perturbação da Ordem Pública”.

Estendeu a mão para cumprimentar.

O Sr. Pacífico advertiu: “Olhe a Pandemia” e estendeu o cotovelo.

Dr. Cruz correspondendo ao gesto, disse: “Sr. Pacífico, o senhor está liberado. Daqui a alguns dias, enviarei uma intimação para depor como testemunha”.

Sr. Pacífico, feliz como um cachorrinho brincando com bola, recompôs-se, garboso como estivesse a caminho de receber a medalha numa exposição.

Ao sair da Delegacia, passou pela Vivi, debruçada no balcão do investigador. Rosnou para os cachorros, deu dois latidos, conferiu se Dona Perpétua estava observando e olhou descaradamente para o traseiro da Vivi.

VIII

Sr. Pacífico acenou, pedindo “carona” ao Zé Coelho e ao Pintão, companheiros de tantos serões indescritíveis e, às vezes, considerados incabíveis no calor do “Lar, doce, lar”.

Zé Coelho à postos ao volante, Pintão abriu a porta traseira para o pacifico entrar.

Dona Perpétua dirigiu-se ao carro, mas o Sr. Pacífico impediu sua entrada. Estendeu-lhe uma nota de cem reais e disse: “Chame um táxi!”.

Motor ligado, Zé Coelho perguntou: “Para onde?”

“Santinha” responderam em uníssono os dois parceiros.

O carro sumiu na escuridão da madrugada, em direção do discreto lupanar “Lar da Tia Santinha...”

Dona Perpétua com o olhar perdido, sentiu-se culpada.

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Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 10/08/2020
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